Drácula antes do mito

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Luís Felipe Soares <br> Do Diário do Grande ABC

Entre contos soturnos, sátiras e romances, os vampiros talvez sejam os seres fantásticos mais conhecidos. O pai desses filhos da noite é Drácula, tido como o primeiro de sua espécie. A questão em torno dessa misteriosa figura gira sobre a origem tão pouco explorada na literatura e no cinema. É tentando apresentar algum tipo de resposta que Hollywood aposta em Drácula – A História Nunca Contada, atração que tem cópias espalhadas por salas do Grande ABC a partir de hoje. Com muitos efeitos visuais, o título promete chamar a atenção pelo tom mais agitado de batalhas medievais do que trazer luz satisfatória no mito do Príncipe das Trevas.

O desafio caiu nas mãos do inexperiente cineasta Gary Shore, em sua estreia na direção de um longa-metragem – mesmo sem uma carreira consolidada até mesmo com curtas. Ele viaja no tempo até a Romênia do século 15 para conflito entre o país e os turcos. O temido príncipe local é Vlad, o Empalador (papel de Luke Evans, em uma das maiores oportunidades da carreira após atuações como coadjuvante), determinado a não perder o conflito custe o que custar. Momentos sobre a infância do personagem são apresentados e explicam os motivos de seu retorno para a terra natal.

O clima de guerra que flerta com a saga O Senhor dos Anéis e com o seriado Game of Thrones é levado a um patamar mais sombrio quando o protagonista decide fazer pacto – já incluindo uma bizarra troca de sangue – com criatura monstruosa (interpretada por Charles Dance) moradora das montanhas da Transilvânia para que seu exército saia vitorioso da guerra. Não demora para que os poderes sobre humanos passem a aparecer e a dar as características que têm marcado Drácula ao longo de gerações, caso dos caninos pontudos e a aversão ao sol.

Apesar do esforço para que a trama seja o foco das atenções, o grande público promete lotar as salas para ver as cenas que fazem Vlad se misturar a centenas de morcegos e a lidar com o exército adversário. É mais Anjos da Noite do que Drácula de Bram Stoker. Os importantes aspectos históricos a serem colocados em discussão nas telas em obra que se propôs a definir uma origem parecem não ser páreos para os milhões gastos com efeitos visuais.




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