Paris eterna

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Andréa Ciaffone <br> Do Diário do Grande ABC

Quando a sala de desfiles escurece, dá para sentir a expectativa por cada nova coleção, que representa a consolidação da forma de o designer interpretar a realidade. Para quem ama moda, cada movimento das bainhas, cós e decotes equivale à memória de dribles fantásticos para um fã de futebol. É paixão que não se explica. E Paris, sem dúvida, é o cenário que mais combina com o sentimento. Talvez porque lá tenha surgido a distinção entre vestimenta e a arte de fazer roupa.

Definir as pessoas pela forma de vestir é algo que nasceu junto com a natureza e precede a linguagem. A estética do vestir que distinguia classe social e ocupação já existia entre os egípcios, gregos e romanos e seguiu pela Idade Média. Mas, o conceito atual de moda é fruto da sofisticação da corte do rei Luiz XV, que passou a valorizar as novidades criativas dos trajes em ciclos mais curtos. Esse processo foi seguindo até eclodir no século passado quando os estilistas foram alçados à condição de estrelas.

Depois da Segunda Guerra Mundial, nomes como Dior, Chanel, Givenchy, Balenciaga e Schiaparelli fizeram da cidade um centro brilhante e refoçaram a tradição de excelência de marcas que já estavam entre as favoritas da nobreza, como Hermés e Louis Vuitton. Mas, se Paris está para a moda assim como Roma está para o catolicismo, a semana de moda da cidade é como o Natal para quem vive desta indústria – compradores e imprensa especializada – e para quem simplesmente ama o mercado.

Além das exclusivas salas de desfile, Paris oferece mundo de emoções para simples mortais. Passear pela Avenue Montaigne é quase como fazer o Caminho de Santiago. Siga pela Faubourg Saint Honoré e, com a fé dos romeiros, vire na Rue Cambon para admirar a primeira loja de Coco Chanel (número 31). Por muito tempo, a designer que revolucionou o guarda-roupa viveu no apartamento em cima da loja e do atelier de costura.

Na Champs Elisée, vale visitar a maior loja da Louis Vuitton do mundo que, há décadas, está entre os ‘monumentos’ mais visitados da cidade – o bom é que fica perto do Arco do Triunfo, o que funciona como ‘vá ver um e leve dois’. Outro must de Paris é Galleries Lafayette, que concentra corners das principais marcas de todo tipo de produto de luxo. Nem sempre os preços são os mais acessíveis, mas as pessoas se sentem menos intimidadas na hora de olhar etiquetas dentro da imensa loja de departamentos. No entorno, as marcas internacionais como Gap e Zara atraem ordas de turistas. O bom é que muitas vezes estas lojas apresentam alguns modelos que não são encontrados em outros locais ou em sites.

Para quem quer descobrir novos designers, o jeito é gastar sola de sapato. Existem coisas interessantes no Marais e também em Montmatre. Mas independentemente da parte da cidade, sempre haverá alguma francesa dando lições de elegância no modo de combinar peças simples e enchê-las de estilo graças aos acessórios escolhidos. É de dar inveja.  




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