Abaixo aos padrões

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Marcela Munhoz

Seri

Padrão: base de comparação consagrada como modelo por consenso geral ou determinado órgão oficial (Houaiss). Quem segue um padrão, muitas vezes fica cego. Acaba fichado como mais um número, um fantasma em meio à multidão ignorante. Por que a dita ‘verdade absoluta’ não pode deixar de ser soberana? Certa vez, alguém determinou que os negros seriam escravos, que os homossexuais precisavam de cura, que os deficientes físicos estavam condenados a ficarem cerceados. E, desde então, muitos não argumentaram. Até agora. Cada vez mais, números em meio à sociedade racista e preconceituosa estão ganhando nomes. Com sobrenome. São pessoas que fazem questão de dar meia volta e caminhar no sentido oposto. Simplesmente para ser contra? Não. Apenas porque não acham que padrões devem governar o mundo. Ainda bem.

Nesta edição da Dia-a-Dia, você vai se deparar com histórias de quem precisou remar contra a maré e está satisfeito com isso. Adauto, Marino e Aranha fizeram-se ouvir dentro e fora dos campos de futebol após sofrerem agressões por serem negros. Mais um absurdo que ultrapassou o tempo e chegou ao século 21. Em Minha História, o jovem Pedro Pimenta encontrou forças para continuar a viver após perder os braços e pernas. Ele encara a vida como muito adulto carregado de velhos ‘achismos’ não chegaria nem perto de fazer. “Quando vejo fotos da minha adolescência, mal me reconheço. Normal para mim agora é ser amputado”, enfatiza.

Bruno Gagliasso, que estampa a capa da revista, é um que não se contenta em ser normal. O ‘padrão’ branco, olhos azuis, classe alta, nunca foi suficiente para o ator, que faz questão de interpretar personagens que vivem angústias reais. Com o esquizofrênico Tarso, em Caminho das Índias, teve a chance de ‘olhar os humanos com outros olhos’. Sentiu o preconceito.

Insatisfeitos com o ‘padrão’ ensinado há séculos nas escolas, alguns pais estão buscando por instituições que estimulem os filhos a serem mais criativos, viver experiências sensoriais, a pensar com a própria cabeça, sentir e, acima de tudo, a enxergar o outro ser humano, simplesmente como outro ser humano. Igual. Sem nada a mais nem nada a menos.Espero que entendam o desabafo, caros leitores, e sejam bem-vindos à Dia-a-Dia.

Marcela Munhoz

marcelamunhoz@dgabc.com.br




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