Palhaças são as estrelas de encontro internacional

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Andréa Ciaffone <BR> do Diário do Grande ABC

Tradicionalmente, fazer rir não é prioridade feminina. Pelo contrário. O que a sociedade ensina às meninas é que elas devem ser lindas, discretas ou extrovertidas, recatadas ou sensuais, o importante é ficar o mais longe possível do que é considerado, por assim dizer, ‘ridículo’. Então, como o ridículo está entre as ferramentas mais úteis para um palhaço, por muito tempo mulheres e palhaçadas não frequentavam o mesmo espaço. Isso mudou. E o I Encontro Internacional da Mulheres Palhaças, que começa hoje em São Paulo, está aí para provar que o tempo em que o nariz em forma de bola vermelha era privilégio masculino acabou.
O encontro combina espetáculos, aulas, demonstrações técnicas, oficinas e mesas redondas. As atividades tem sempre o foco de divulgar a arte dos palhaços e a atividade circense. A programação traz 24 eventos, a maioria de graça, espalhados em diversos espaços da Capital. Embora o encontro não tenha um patrocinador oficial, tem o co-patrocínio da Prefeitura e o apoio de oficinas culturais e de unidades do Sesc.
“Em 2009, participei do Esse Monte de Mulher Palhaça, realizado no Rio de Janeiro. Depois fui aos eventos de Brasília e Recife e segui com o plano de trazer para São Paulo um encontro sobre o jeito feminino de fazer palhaçada”, diz Andréa Macera, fundadora do Teatro da Mafalda. Organizadora do encontro, Andréa vai encerrar a semana apresentando o espetáculo Sobre Tomates, Tamancos e Tesouras.
Atriz, a organizadora seguiu o conselho de que fazer curso de palhaço seria bom para sua formação. “Aí eu descobri que era mais do que isso, que era bom para mim como ser humano. Encontrei o meu lugar, que é onde o ridículo é valorizado, o exagero vira ouro e onde o erro é possível e faz parte da vida”, analisa. “Tudo isso é muito subversivo. Por isso, o palhaço é tão importante para a sociedade. Ele desnuda traços que as pessoas, muitas vezes, buscam esconder”, observa a palhaça, que desenvolveu grande parte de seus estudos junto ao Grupo Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais) da Unicamp, com a mestra-clown canadense Sue Morrison.
Um dado interessante apontado por Andréa é que a figura do palhaço é igualmente apreciada e importante para adultos e crianças e pode até ter efeitos mais dramáticos nos adultos, que percebem a dimensão crítica das cenas. A despeito do enorme nariz vermelho, a beleza das palhaças se impõe pela capacidade das artistas irem além da estética e revelarem aspectos do universo feminino que são muito mais do que a maquiagem.  




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