Partiu, entrou...é rede!

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Gustavo Cipriano <BR>do Diário do Grande ABC

Apita o árbitro. Os visitantes preparam-se para entrar em campo. Estão prestes a conhecer o único museu voltado exclusivamente sobre futebol no Brasil. Trata-se do Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O local comemorou seis anos de história ‘em campo’ dia 28 de setembro e, de lá para cá, mais de duas milhões de pessoas já presenciaram sua ‘atuação’.
O lugar possui 15 salas, 1.500 imagens e cinco horas de vídeo só sobre o esporte favorito dos brasileiros. Haja coração! “Contratamos sociólogos, antropólogos, ‘boleiros’ e designers para colocar isso tudo de pé, levamos três anos para concluir. Inovamos em termos de museu, ao fazê-lo sem quase nenhum acervo físico’, explica Luiz Laurent Bloch, diretor executivo.
Logo na entrada da exposição fixa, o visitante dá de cara com o Pelé, rei do futebol, dando as boas-vindas em diferentes línguas. O corredor que dá acesso à primeira sala é forrado por monitores, que reprisam jogadas aleatórias de atletas de várzea. Em seguida, a ‘redonda’ é passada para os ‘anjos barrocos’ – Falcão, Ronaldinho, Jairzinho –, que flutuam em telões azuis. É claro que não poderia faltar aqueles que dão emoção às jogadas desses craques: os narradores. Quer escutar quem? Fiori Gigliotti, Jorge Cury ou Osmar Santos?. Frases célebres, como ‘Pimba na gorduchinha!’, ‘Direto para o barbante!’ e ‘É de Jooorge Mendonça!’, ecoam por lá.
Na próxima sala, cuidado para não ‘derrubar a casa’ com a empolgação da torcida. O visitante entra em ambiente escuro, com imagens e gritos da galera, que arrepiam até quem não é tão fã assim de futebol. Mas é melhor segurar a empolgação. É hora de voltar no tempo e observar 431 quadros em moldura dourada com imagens que retratam o que de mais importante aconteceu no Brasil no século 19. O objetivo desta sala é traçar um panorama geral da sociedade na época do surgimento do futebol em terras nacionais, com imagens não só do esporte, mas das artes e do cotidiano. O acervo lembra quando, em meados de 1894, Charles Miller voltava da Inglaterra com um livro de regras, duas bolas usadas, um par de chuteiras e um uniforme. Nascia ali a paixão do brasileiro pelo futebol. A mostra avança até 1950, especificamente, ao dia 16 de julho, quando mais de duzentas mil pessoas no Maracanã esperavam que a Seleção Canarinho fosse campeã do mundo em casa. O resultado, porém, não foi nem perto do sonhado: 2 x 1 para o Uruguai de virada. O registro da tristeza do público é necessário.
Mas ‘toca a bola para frente’ e segue caminhando pelo museu, afinal, a Copa do Mundo não é só feita de lágrimas. Desde 1930, várias equipes tiveram a oportunidade de levar a taça para casa e tudo o que aconteceu é mostrado em fotos e vídeos até 2010. O mundial de 2014 ainda está em ‘fase de aquecimento’. Os organizadores do museu estão preparando material sobre a Copa no Brasil, que vai contar com fotos e vídeos da competição (inclusive do fatídico 7 x 1 contra a Alemanha). Durante o passeio, ainda pode-se ver a camisa do Polytheama, time criado por Chico Buarque, que doou a peça ao lugar.
Mas espera um pouco que tem jogador caído no meio de campo. Foi falta juiz? É preciso conhecer bem a regra para dizer. Por isso, a organização do museu preparou várias telas coloridas e grandes para explicar os fundamentos do futebol. O que é um chute, qual a função do árbitro e quais as dimensões do campo também estão na lista de questões.
Na hora do intervalo, senhoras e senhores, quem quiser pode admirar o Paulo Machado de Carvalho. De volta ao passeio, a bola continua rolando. Não só rolando, mas driblando, agarrando e chutando. É possível ver os mais belos dribles, gols e defesas dentro de ambiente em formato de bola.
Os dados expostos no museu podem ser conferidos no Centro de Referência do Futebol Brasileiro, única biblioteca pública do esporte no País. “É um tesouro nacional. Um acervo que dá trabalho para ser mantido”, comenta o diretor Bloch sobre os mais de 1.700 livros e dados sobre quase 500 instituições ligadas ao futebol.
É quase fim de jogo e está na hora, de literalmente, chutar para o gol. A bola está à espera do visitante e o goleiro quer ver se ele consegue superá-lo e qual velocidade o chute terá. Antes do apito final, não deixe de admirar homenagem ao Pacaembu. Maquetes e fotos relembram o formato do estádio ao longo dos anos.
O museu também já recebeu exposições esporádicas. A última foi Brasil 20 Copas, que brincava afirmando que a Seleção teria vencido todas as edições do mundial. A mostra aconteceu na Copa de 2014.
Enfim, essa ‘partida’ é prato cheio para os amantes do futebol. Dá para ‘presenciá-la’ de terça a domingo, das 9h às 17h. O ingresso custa de R$ 3 a R$ 6 e pode ser comprado no local (Praça Charles Miller. Tel.: 3664-3848). Aos sábados, a entrada é gratuita. 




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados