Cada Dois com seus 'pobrema'

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Andréa Ciaffone <BR> do Diário do Grande ABC

Cada Dois com Seus Pobrema não tem problema nenhum. Nem com o fato de ser ‘dois’. Afinal, tudo que sugere continuação passa a ser alvo de comparação com o primeiro. Na verdade, o novo texto criado por Marcelo Médici só tem soluções.
Resolve, por exemplo, a questão da passagem do tempo – dez anos separam este espetáculo do que deu-lhe origem – e abraça a evolução dos personagens. O Mico ficou ainda mais insuportável, afetado e engraçado.
Mas, Cada Dois... vai além e mostra o aprimoramento do talento de Médici como ator e autor. Tanto, que a cena que justifica o título e traz um novo personagem para o palco, vivido pelo diretor da primeira versão, Ricardo Rathsam, reflete experiências que o ator teve em musicais como Sweet Charity, com Claudia Raia, e traz referências à comédia O Mistério de Irma Vap, outro sucesso do seu currículo.
Médici é, acima de tudo, inteligente. Propõe novidades, mas não perde de vista o fato de que as pessoas estão lá para ver os personagens que amam. A diarista Creusa abre o espetáculo e provoca o primeiro tsunami de risadas. Daí, vem desfile de personagens conhecidos, como o corintiano Sanderson, o Mico e Mãe Jatira, que capricha na interação com a plateia.
Capaz de desaparecer completamente em cada um dos personagens, Médici é um ator que está acima da média dos comediantes que se vê por aí. As perucas e adereços estão lá, mas a transformação dos personagens vai além do material e inclui cada expressão de rosto e corpo. Como autor, ele cria textos engraçadíssimos, mas que não são agressivos nem humilham ninguém, algo cada vez mais raro no mercado de humor. No fim, a plateia está em estado de graça. Literalmente.  




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados