Incêndios transborda Marieta Severo

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Marcela Munhoz <br> Do Diário do Grande ABC

Não há maior amor ou dor no mundo do que o que sentem as mães. Seja dona de casa comum ou sofrida presa de guerra, ambas vão até as últimas consequências por suas crias. Incêndios não é estritamente sobre o sentimento materno, mas tem muito dele. Por isso, a adaptação do livro do autor libanês Wajdi Mouawad para os palcos não poderia ter melhor e mais fiel protagonista do que Marieta Severo. A eterna Dona Nenê, a mãezona de A Grande Família, interpreta Nawal até 14 de dezembro no Teatro Faap, em São Paulo.

“O público consegue ver algo em comum entre Nenê e Nawal. Claro, as duas são mães. Nawal, porém, é uma mãe trágica, que busca o filho que foi tirado dela. Essa busca desperta grande interesse e curiosidade do público”, explica a atriz em entrevista ao Diário. Na trama, a personagem de Marieta vive por décadas dentro de uma guerra civil e passa seus últimos anos em voluntário exílio no Ocidente, onde morre e deixa em testamento difícil missão para seu casal de gêmeos (Felipe de Carolis e Keli Freitas): encontrar o pai e um irmão perdido.

“Como qualquer grande peça, fala e toca em muitas questões sociais, do ser humano, como a violência. É, antes de tudo, um grande texto. O fim é tão impactante, que é possível ouvir a reação da plateia”, comenta a atriz. O próprio Mouawad deu sua definição para a trama. “É a história de três destinos que buscam suas origens na tentativa de solucionar a equação de suas existências.” E Marieta vai além: “É a necessidade de resgatar e vivenciar sua história. Trata-se de tragédia grega, mas bem contemporânea.”

Apesar de acontecer bem longe do Brasil, o público daqui se identifica com trechos da história, segundo Marieta. “Por causa da temporada no Rio de Janeiro, o elenco teve muito retorno do público. Já ouvimos coisas belíssimas e casos parecidos com o que vive Nawal, de filhos que foram tirados das suas mães para sempre”, conta a atriz, que se inspirou, principalmente, em Zuzu Angel para compor sua personagem.

“É difícil dar vida a alguém. Milhares de influências entram na história. Mas, claro, foi impossível não levar em conta a situação que minha geração viveu (ditadura).” Dirigido por Aderbal Freire Filho, vencedor do prêmio Shell de melhor direção pelo trabalho, Incêndios foi recordista de indicações ao prêmio APTR, tendo conquistado quatro das dez categorias nas quais concorreu (espetáculo, atriz, atriz coadjuvante e cenografia).

Incêndios – Teatro. Sextas e sábados, às 21h, domingos, às 17h, até 14 de dezembro. No Teatro Faap – Rua Alagoas, 903, Tel.: 3662-7000, em São Paulo. Ingr: R$ 30 a R$ 90.




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