Casal de Mauá faz 70 anos de união

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Natália Fernandjes <BR> do Diário do Grande ABC

onfiança e consideração são as palavras usadas pelo casal Sebastião Mendes Veloso, 97 anos, e Maria Onofre Marangon, 88, para definir o significado da palavra amor. Moradores do Jardim Columbia, em Mauá, eles renovam hoje os votos matrimoniais feitos há 70 anos. As bodas de vinho serão celebradas ao lado dos filhos, netos, bisnetos e parentes, que vieram de outros Estados para prestigiar a festa.
O primeiro sim dos lavradores foi realizado em Raul Soares, Minas Gerais, em 13 de setembro de 1944, quando Sebastião tinha 28 anos e Maria, 19. A cerimônia simples só contou com a participação dos pais e familiares mais próximos. Não havia nem mesmo fotografia para eternizar o momento. “A gente morava na roça, lugar muito atrasado”, diz ela.
Dessa vez, a noiva acredita que a emoção será maior. E com o devido registro fotográfico. “O coração vai ter de aguentar porque vai ser muito especial ter a família toda reunida.” A cerimônia, realizada em uma chácara, terá outro ponto marcante. Isso porque as bodas de ouro do casal, quando completaram 50 anos de casados, teve de ser cancelada devido ao falecimento de um irmão de Sebastião.
O noivo lembra que já estava sem esperanças de se casar quando “por obra divina se entrosou” com a vizinha. “Naquela época era tudo diferente. Pegar na mão era o fim do mundo. E quando a gente saia os pais mandavam os guardas (irmãos)”, conta. Com isso, o primeiro beijo só aconteceu no dia do casamento.
Os primeiros anos juntos não foram fáceis. “Antes de completar um ano de casado nasceu o primeiro filho, morto. Um ano depois nasceu o segundo, também morto. Foi doloroso, mas um estava sempre dando apoio para o outro”, ressalta.
Só depois da chegada dos oito filhos veio o considerado período crítico. “A gente tinha que trabalhar na lavoura e deixar os filhos sozinhos. As coisas melhoraram quando eles cresceram”, diz Maria. Ambos só deixaram o trabalho na plantação e colheita de café e milho há 25 anos, quando vieram para Mauá.
Mesmo após 70 anos de convívio diário, o carinho e o cuidado de um com o outro salta aos olhos. “O segredo é ter paciência e saber relevar. Quando um está nervoso o outro sai de perto para não brigar”, explica Maria. O diálogo também é essencial, destaca. “Discussão sempre tem, mas briga não.”
Apesar de não se considerarem românticos, ambos revelam nunca ter passado mais que um mês longe e que apenas nesse período dormiram em camas separadas. A experiência, necessária enquanto Sebastião fazia tratamento de saúde em Belo Horizonte, não agradou. “Pareceu um ano. Ficava pensando que ela estava aqui sozinha e eu precisava estar em casa.”
Embora tentem não pensar no assunto, a principal preocupação do casal hoje é um ter de ficar sem o outro. “Tenho medo de ela morrer e eu ficar, porque aí o mundo não vai mais me caber”, define Sebastião. Emocionada, ela, em resposta, prefere dizer que só Deus é quem sabe do futuro. A única certeza de ambos é que a promessa feita há 70 anos e reafirmada hoje será cumprida. Permanecerão unidos até que a morte os separe. 




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