O Teatro Municipal de Santo André viverá hoje mesmo clima da famosa avenida dos musicais em Nova York. A quilômetros de distância dos Estados Unidos, mas com o mesmo brilho, o público terá a chance de ver a Noite do Sapateado, projeto que começou em 2008 e é apresentado a cada dois anos. Sua quarta edição, porém, deve surpreender mais.

Sob direção artística de Daniela Simonassi e musical de Renato Zanuto, a novidade fica por conta da parceria do Studio Corpore Sano com a Dynamic Coral e Orquestra. A sintonia dos sapatos de 34 bailarinos, com os vocais dos seis cantores e acordes de instrumentos – executados ao vivo por 14 músicos – é de arrepiar. No palco, sapateadores cantam e cantores sapateiam. “Todo mundo joga junto”, diz o maestro. “Fazer as duas coisas ao mesmo tempo é experiência única”, emenda Ivan Volpe, também produtor do espetáculo.

No programa estão New York, New York, Lady is a Tramp, I´ve Got World on a String, Jump, Palhaços, Chain of Folls, Come Together, Baby It´s Cold Outside, My Onde and Only, Anything Goes, Wonderwall, Cantaloupe, Sing Sing, além de músicas brasileiras, incluindo Tico Tico e homenagem a Jair Rodrigues “A próxima Noite de Sapateado deve ser só com canções do País”, adianta Simonassi. Adaptar o sapateado norte-americano à ginga brasileira é mais uma ousadia do grupo. “Os passos combinam com o ritmo daqui”, diz a diretora.

O ELENCO
A Noite do Sapateado é, portanto, mais do que simples apresentação de escola de dança. Aliás, a graça do show está justamente em transformar sapateadores amadores em estrelas. Nem que seja por uma noite.“Achava que seria espetáculo de alunos, mas me surpreendi com o nível do elenco. É isso que o público comenta após a apresentação”, diz Zanuto. A ideia de que a dança é democrática fica clara para quem assiste ao espetáculo. “No sapateado não existe padrão. Não é como os outros tipos de dança, que têm exigências estéticas”, explica Simonassi.

Fazem parte do elenco alunos de 14 a 65 anos, que dividem o mesmo sonho. “Quando era criança assistia aos filmes do Gene Kelly e desejava, um dia, me sentir como ele. Só consegui me inscrever nas aulas de sapateado há 4 anos e é melhor do que imaginava. Me senti realizada quando subi ao palco pela primeira vez em 2012”, conta Walkíria Maria Braga Nicotera, 65. A sapateadora não se importa em ser colega de elenco de adolescentes, no auge da virilidade. Pelo contrário. “Usando os mesmos sapatos delas, me sinto com a mesma idade.”

Do outro lado, mas compartilhando o amor à arte, está Gabriela Evangelista, 14, a mais nova do espetáculo. “O legal do sapateado é que todos têm a chance de dançar. No palco, somos todos iguais”, diz a garota, que acha bacana também o desafio de sapatear ao som de música ao vivo. “É complicado, mas o resultado é incrível.”

A paixão pela dança é combustível dos envolvidos que fazem o show acontecer. “Executar espetáculo desse porte é difícil e só dá certo porque empresas locais fazem questão de patrocinar e acreditar no projeto. Ainda falta incentivo. Gostaríamos de ter temporada da Noite do Sapateado na nossa região, por exemplo”, diz a diretora.

PRÓXIMA APRESENTAÇÃO
Os ingressos para o show de hoje estão esgotados, mas o grupo tem nova data para reapresentar a Noite do Sapateado. Será dia 28 de novembro, às 20h30, no Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo. Para informações sobre ingressos, entre em contato com o Studio Corpore Sano pelo telefone 3969-6100 ou curta a página no Face NoitedeSapateado.