Prazeres e dramas da vida adulta

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Luís Felipe Soares

Em meio a uma fraca leva recente de comédias, Sex Tape: Perdido na Nuvem surge como grata surpresa. Não que o filme seja uma obra-prima do gênero, mas consegue boa dose de risadas ao explorar questões emocionais na medida em que trata de sexo com naturalidade.

Falar abertamente sobre a necessidade física de se conectar com um parceiro é um dos temas principais do longa-metragem do diretor Jake Kasdan (responsável por Professora Sem Classe e que repete parte da fórmula em certos momentos). Claro que a descontração do estilo dá mais liberdade ao roteiro, mais voltado ao público adulto do que aos adolescentes. Apesar do nome sugerir algum tipo de baixaria nas telas, a ideia é aproveitar a popularidade da modalidade erótica para analisar certos pontos cruciais no cotidiano de um casal.

A história acompanha a vida de Jay (Jason Segel, o Marshall de How I Met Your Mother) e Annie (Cameron Diaz). Os tempos dos encontros quentes na faculdade ficaram para trás e eles precisam marcar seus encontros íntimos de acordo com a agenda dos dois filhos pequenos, sem contar a exaustão no fim dos dias. Para tentar reacender a chama entre eles, decidem que gravar seu próprio pornô pode ser interessante para apimentar as coisas. Tudo sai fora do controle quando o tablet de Jay sincroniza o arquivo com outros computadores portáteis por meio da tecnologia da nuvem, sistema no qual programas são executados de maneira remota por meio da internet.

O bom momento no qual o casal acreditava que iria entrar se torna um caos e eles correm atrás de uma maneira para impedir que amigos, familiares e desconhecidos tenham acesso ao filme. Entre as desventuras estão o possível futuro chefe de Annie e um inesperado chantageador. Destaque para a participação especial do sumido Jack Black como expert em produções eróticas.

A noite de fugas parece simbolizar a busca por explicações em torno de como parte do sentimento – e do tesão – ficou para trás ao longo dos anos. Questionamentos sobre o papel do homem e da mulher no relacionamento são trazidos à tona por Jay e Annie na jornada que parece expô-los mais do que as cenas sexuais que tanto temem.

Parte do bom resultado de Sex Tape: Perdido na Nuvem se deve ao carisma dos protagonistas. Veterana do gênero, Cameron Diaz se manteve longe de paródias baratas e continua como um dos símbolos das comédias contemporâneas ao fazer o ‘arroz com feijão’ com propriedade, além de ter a beleza como diferencial. Talvez Jason Segel seja uma das melhores revelações dessas obras ‘água com açucar’ de sua geração, com gestos espontâneos e o jeito divertido que traz desde o bom Ressaca de Amor (2008). Aos poucos, ele começa a ganhar destaque como estrela de um elenco e merece atenção.

É tendo como apoio a diversão que o longa tenta observar parte das dificuldades da vida adulta. Se o relacionamento a dois está complicado, nada como virar a câmera para si mesmos e deixar o resto de lado.




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