Jazz 2.0 no <br>Bourbon Street Fest

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Andréa Ciaffone <br> Do Diário do Grande ABC

O tumtumtum do contrabaixo acústico, o piano atrevido, a guitarra envolvente, a bateria sutil, a energia dos metais e a voz humana para temperar. Essa é a receita base do jazz, produto típico da cidade norte-americana de Nova Orleans, que permite a mistura com molhos de vários sabores como o R&B (Rhythm & Blues), o zydeco e até o hip hop e o funk. Essas diferentes variações que compõem a lista de atrações do Bourbon Street Fest, que começou sábado com um show de abertura no Ibirapuera e vai até domingo. As apresentações realizadas na casa noturna Bourbon Street, em Moema, são pagas. Mas, domingo, para fechar o festival, haverá um grande show gratuito no Parque do Ibirapuera.

“A ideia é sempre trazer um pouco de tudo que está acontecendo. O jazz é o território da criatividade, da expressão, da inovação. É natural que evolua sempre e queremos trazer isso para o público brasileiro”, diz o criador do evento, que chega à sua 12ª edição, Edgar Radesca. Neste ano, o festival acontece simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

“Quando venho cantar aqui sempre sinto que parte da platéia conhece muito bem os clássicos e que também tem muita gente que ouve pela primeira vez e rapidamente se entusiasma”, diz a cantora Germaine Bazzle, que veio acompanhada da banda 504 Experience, com uma formação tradicional. Cantora e músicos mostram standards em um estilo muito elegante. “Essas músicas têm poesia poderosa, que toca as pessoas. Jazz tem a ver com viver a experiência da beleza sem medo”, diz Germaine, que aos 83 anos é uma diva no palco, embora recuse esse título. Ela se apresentou na abertura do festival e volta ao palco no sábado, dia 23, para um show na casa noturna.

Enquanto Ms.Bazzle representa o clássico, a Brass-A-Holics traz o que há de mais moderno na terra do jazz. Formada por nove jovens entre 20 e 30 anos, a banda criou o ritmo Go-Go Brass Funk, que é uma mistura das raízes das brass bands, bandas de metais típicas de New Orleans com o groove e ainda adicionou a guitarra roqueira de Matt Clark e o teclado da japonesa Keiko Komaki.

“Jazz é liberdade, então, a gente usa isso”, diz o trompetista Tannon Williams. “Queremos ter sempre um pé no passado e outro no futuro”, diz o guitarrista. O resultado desta proposta é um som denso, intenso, empolgante e alto-astral, com fluxo sonoro rico e set list surpreendente pela diversidade: inclui desde clássicos como Miles Davies e John Coltrane até versões sensacionais de Smells Like Teen Spirit (Nirvana), Girl on Fire (Alicia Keys), Livin'' on a Prayer (Bon Jovi) e Don''t Stop Believin'' (Journey).

A Brass-A-Holics se apresentou na abertura do festival e fez o público dançar na chuva por mais de uma hora e volta ao palco na sexta-feira, dia 22, depois de Mia Borders, cantora e guitarrista que está cotada como um dos maiores talentos da nova geração nos Estados Unidos e que também toca hoje. Na sequência, o palco do Bourbon Street recebe Walter ‘Wolfman’ Washington & The Roadmasters, que foca seu show em blues e R&B e está entre os mais prestigiados músicos da cena de Nova Orleans.

Amanhã e na despedida do festival, no Ibirapuera, tocam Glen David Andrews, que foca seu trabalho em uma linha mais melódica que transita entre gospel, blues e soul, e Rockin’Dopsie Jr. & the Zydeco Twisters, que são aqueles que incendeiam o público com ritmo quente e instrumentos pouco vistos por aqui, como o washboard, que surgiu do aproveitamento sonoro das velhas tábuas de esfregar roupa. Prova de que, em Nova Orleans, tudo vira música.

12º Bourbon Street Fest – Música. De hoje a sábado, a partir das 21h30. No Bourbon Street – Rua dos Chanés, 127. São Paulo. Tel.: 5095-6100. Ingr.: R$ 65 a R$ 95, dependendo da atração. Domingo – Parque do Ibirapuera, Portão 10. A partir das 15h30. Grátis. 




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