Sucesso antes dos 30

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Andrea Ciaffone

Sucesso antes dos 30

Nascidos em famílias ricas, simples ou remediadas, os jovens empreendedores têm em comum coragem, energia e visão de futuro

Com a mesma volúpia dos adolescentes que se atiram no mundo dos games, os ‘garotos de negócios’ se jogam em mercados competitivos, dão vazão à criatividade e, acima de tudo, não se deixam conter pela pouca idade ou condição econômica da família. Pelo contrário. Os que nasceram em berço de ouro não se acomodam e os de classe média, não se deixam intimidar pela falta de casucesso pital para começar. Mesmo jovens, os bem-sucedidos antes dos 30 têm em comum o desejo de manter suas empresas ativas por muito tempo, segundo a avaliação do consultor do escritório regional do Sebrae, Vitor Arantes de Moura. “Eles têm a flexibilidade de encontrar novos caminhos quando acham que erraram e maior desprendimento para correr riscos. Valorizam essa liberdade e busca de conhecimento.”
 

Os irmãos Denis Bueno, 25, e Elvis, 23, por exemplo, souberam fazer de um limão várias caipirinhas. Começaram aos 15 e 14 anos, respectivamente, como auxiliares de montagem de mesas em restaurante de São Bernardo. Dez anos depois, celebram a expectativa de faturar o primeiro milhão até o fim de 2014. “A empresa se concretizou quando sentimos que era a hora de focar no nosso próprio negócio”, conta Elvis. “Experimentamos todas as funções de um local para festas até virarmos bartenders, o que nos deu noção clara do que funcionava. Mesmo assim, fomos atrás de formação como gestores, fizemos todos os cursos do Sebrae e nos tornamos tão detalhistas na administração quanto como somos no serviço”, diz o mais
novo da dupla.

Foto: Celso Luiz - Irmãos apostaram em seu próprio negócio e estão próximos do primeiro milhão
 

A Pepper Drinks começou despretensiosamente em 2008. “Arrumamos um bar de ferro simples para facilitar na hora da montagem e nos colocamos à disposição do mercado. Esperamos por clientes durante dois meses e nada”, lembra Elvis. Os primeiros trabalhos foram em festas de família. “Até então nosso negócio era plano B, tínhamos outros empregos. Sem foco, ficávamos dias sem fazer evento.” Em 2008, contabilizaram seis e, em 2009, nove. A sorte da empresa começou a mudar em 2010, quando Elvis passou a se dedicar 100% ao empreendimento. O resultado apareceu e, naquele ano, o número de eventos saltou para 20. Em 2011, foram 75, o que rendeu R$ 220 mil ao caixa da empresa. Após quatro anos de vida, o movimento dobrou: foram 140 contratos e faturamento de R$ 400 mil; em 2013 chegaram às 274 festas e R$ 776 mil.
 

Hoje o negócio dos irmãos possui 40 bartenders, quatro funcionários fixos no escritório e dois na coordenação da equipe operacional, além de freelancers que ajudam no preparo das frutas. Tudo para atender até oito eventos por data nas cidades do Grande ABC e São Paulo. A expectativa para esse ano é dobrar novamente. Até meados de julho, a empresa já contabilizava 350 eventos, o que torna a chance de alcançar o primeiro milhão algo bastante palpável. Elvis revela que a mãe, costureira, ficou preocupada quando foi feito empréstimo no banco para investir na empresa, mas que confiou na capacidade deles. “Talvez o tino para negócios tenha vindo do meu pai, que tem o impulso para empreender e é proativo, mas é cabeça dura em relação à gestão, o que atrapalhou o desempenho do negócio que teve”, avalia o jovem empresário que, apesar da pouca idade, é firme na condução da empresa. “Preferimos treinar nosso pessoal para que não tragam vícios de outras firmas. Somos rígidos quanto ao nosso manual de conduta, que inclui ações antes, durante e depois dos eventos.” Entre as proibições estão o uso do celular e paquerar clientes. “Não temos medo dos riscos, administramos as situações. Na verdade, nossos planos são de ampliar os serviços”, arremata.
 

ENERGIA 4 X 4
Pensando no futuro e nas novas necessidades da sociedade, quatro jovens bem-nascidos de São Paulo se uniram em negócio inovador: fabricar totens de recarga de celular para locais públicos, gratuitos e patrocinados. A Power Plug recebe os equipamentos da China. “Sempre achei que a vontade de realizar fala mais alto do que a oportunidade”, diz um dos sócios, Fernando Gorayeb, 26, que estudou Direito na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), estagiou em contencioso civil e, aos 22 anos, abriu empresa de assessoria e participação.
 

Apesar da pouca idade, Fernando já morou em Londres, trabalhou como gestor de projetos no escritório da mãe, quando adquiriu experiência em mercado financeiro. Em vez de se acomodar no papel de herdeiro, o empresário e seus amigos de infância, Luis Fernando Palomares, Marcos Fiorezzi de Luizi e Daniel Ben Canan resolveram atender ao desejo de empreender. “Claro que ajudou tersegurança e estabilidade financeira, mas o desafio de fazer uma startup dar certo é grande”, comenta o empreendedor, que já comemora o fato de a empresa ter mais de 250 totens ativos e previsão de outros 400 para 2015. O investimento foi feito com recursos próprios. “Não quisemos investidores externos cobrando resultado em curto prazo. O desafio é manter a empresa lucrativa por muito tempo”, avalia.


PARA O ALTO
“Com 16 anos eu ajudava meu pai com o gado ou venda de madeira. Enquanto isso, meus amigos passavam o fim de semana na balada”, conta o são-caetanense Bruno Patriani, 23, que participa da direção desde a fundação da Incorporadora Patriani em 2010. Apesar do pouco tempo de atividade no mercado, as filas se formam de madrugada na porta dos plantões de venda dos novos prédios. Até agora, um empreendimento foi entregue, outros três devem ficar prontos antes do fim desse ano e mais quatro saem até 2017. “Somos a construtora com o
menor estoque do Estado. A boa aceitação vem da combinação de localização, do conceito das plantas e da filosofia de pós-venda”, explica.

Foto: Nário Barbosa - Bruno faz questão de provar que um ´cara de 20 anos´ também pode ser um super profissional
 

A incorporadora era para ser a atividade do pai de Bruno, Valter Patriani, depois que se desligasse da maior operadora de turismo da América Latina, onde trabalhou por 34 anos. O plano não se concretizou e Bruno precisou tocar a



Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados