Sensações em arte

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Luís Felipe Soares

No dia 9 de novembro irá fazer 25 anos que o Muro de Berlim foi derrubado. Sua destruição se tornou um símbolo para a liberdade e os resquícios na capital alemã hoje são ponto turístico no local. O artista plástico Auro Okamura viu de perto as sobras da famosa parede em viagem realizada em 2010 e diversos sentimentos vieram à tona na ocasião. “A cidade e o povo alemão são repletos de cicatrizes. Fiquei muito impressionado com essa atmosfera. São elementos fortes que acabaram me inspirando de certa forma. Quis contar um pouco dessa história de uma maneira singular”, diz o paulista. “O muro leva a reflexões e quero incentivar as pessoas a pensarem sobre seu significado.”

Sua pesquisa artística com apelo emocional pode ser vista a partir de hoje, às 19h, na exposição Facetas, Fascínios, Facínoras. A atração toma conta da Casa do Olhar, no Centro de Santo André, até 27 de setembro, com visitação gratuita para todo o público.

O ponto mais intrigante de toda a jornada fica em torno do simbolismo do muro alemão. “Há um ressentimento da falta de liberdade e da tirania velada que ainda existe, seja o chefe opressor ou a dificuldade em ter uma oportunidade na vida”, explica. No questionamento em torno desse impedimento existente em cada uma das pessoas, o autor monta instalação interativa que busca as histórias individuais. Todos estão livres para escrever sobre suas dificuldades e prender na obra com tachinhas de maneira anônima.

“Vivemos em uma sociedade muito complicada e sempre parece que estamos muito pequenos em relação ao governo e ao mundo. Isso me incomoda. O Muro de Berlim não me toca por sua história literal, mas me interessam as sensações em torno de tudo.”

DIFERENTES IDEIAS

Okamura tenta separar o material em diferentes fases apresentadas no título escolhido. Os fascínoras são as atrocidades representadas pelo muro alemão; o fascínio surge por meio de homenagens a figuras que o artista aprecia, casos do italiano Francesco Clemente, o chinês Ai Weiwei e o espanhol Pablo Picasso; e as facetas simbolizam os verdadeiros desejos do ser humano.

O conjunto de telas chama a atenção pelas cores, traços e, principalmente, por suas dimensões. Algumas facetas um tanto quanto deformadas ilustradas pelo autor, por exemplo, chegam a ter cerca de dois metros de altura por 1,7 metro de largura. A intenção é fazer com que o público fique impressionado mesmo pelo formato pouco comum.

Na exposição, Okamura terá a ajuda dos textos do poeta Auro Malaquias, espalhados por todos os cantos – inclusive saindo do teto do local. Também há espaço para parceria com o Projeto Quixote (organização da sociedade civil de interesse público que ajuda crianças e jovens em situação de risco com diversos tipos de atendimento) na elaboração de uma instalação especial. A ideia é abrir os muros.

Facetas, Fascínios, Facínoras Exposição. A partir de hoje, às 19h. Na Casa do Olhar – Rua Campos Sales, 414, Santo André. Tel.: 4992-7730. Terça a sábado, das 10h às 17h. Grátis. Até 27 de setembro.




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