Paulo Coelho: mais do que autor, protagonista

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Andréa Ciaffone

Uma das primeiras lições ao criar um personagem diz respeito à sua verossimilhança. Se as pessoas não puderem acreditar nas características de um protagonista, melhor desistir de desenrolar a trama. A menos que ela seja real. A história do escritor, letrista e jornalista Paulo Coelho é exemplo do que seria difícil de ser imaginado por alguém. Por isso, foi roteirizada, dirigida e filmada a partir de relatos do autor. O resultado está em Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho, que tem previsão de estreia nos cinemas para o dia 14.

O filme mostra a trajetória do escritor desde quando era um garoto de classe média carioca – feio, tímido e incompreendido pelos pais, a ponto de ser internado para tratamento psiquiátrico duas vezes –, até se tornar escritor, ser nomeado imortal da Academia Brasileira de Letras e ostentar o posto de único autor vivo mais traduzido do que Shakespeare (suas 30 obras ganharam versões em 80 idiomas).

O gaúcho Júlio Andrade, 31 anos, foi o escolhido para o papel principal, após a sua atuação como Gonzaguinha em Gonzaga, de Pai para Filho, de 2012. “O Paulo Coelho me disse que ele era o que as pessoas imaginavam. Isso me deu tremenda liberdade para criar e seguir minha intuição. Não tentei imitá-lo, mas recriá-lo”, disse o ator. O irmão mais novo de Júlio, Ravel Andrade, 21, intepreta Paulo Coelho na adolescência. “Foi uma descoberta. Hoje a vida é mais over. Nos anos 1960 tudo era mais quieto”, diz Ravel, que teve pouco tempo para trocar impressões com o irmão por causa da agenda de gravações.

Para viver Raul Seixas – de quem o escritor foi amigo – o universo mandou, aos 44 minutos do segundo tempo, o ator baiano Lucci Ferreira, que entrou na pele do Maluco Beleza de forma quase sobrenatural. Para completar o elenco, Fabíula Nascimento faz a mãe de Paulo, Enrique Diaz o pai e Fabiana Gugli vive a artista Cristina Oiticica, mulher de Coelho há 30 anos. A direção ficou com Daniel Augusto, que tem 300 horas de documentários, comerciais e videoclips no currículo e estreia em longas de ficção. “É a realização de um sonho”, diz.

SUPERPRODUÇÃO

O espectador leva mais no pacote ao pagar pelo ingresso de Não Pare na Pista. O próprio processo de filmagem é a prova legítima de que quando existe um sonho, o universo conspira a favor. “Cada vez que uma coisa dava errado, vinha outra melhor para substituí-la”, conta Iôna de Macedo que, ao lado de Carolina Kotscho, comanda a Dama Filmes. Carolina, responsável pelo roteiro, foi a autora do blockbuster Dois Filhos de Francisco, que faturou R$ 34 milhões e foi a maior bilheteria de 2005.

Como momentos fundamentais da história de Paulo Coelho ocorreram no Caminho de Santiago de Compostela, nada mais justo que o filme fosse coprodução entre Brasil e Espanha, o que trouxe para o projeto grande nomes de lá. A direção de arte ficou sob a batuta do basco Antxón Gomez, que trabalhou com Pedro Almodovar em Fale com Ela e Abraços Partidos.

A atriz Paz Vega, de Lúcia e o Sexo, Fale com Ela e Espanhaglês, inclusive, interpreta a primeira mulher do protagonista. A equipe da catalçã DDT, que ganhou o Oscar de Melhor Maquiagem por O Labirinto do Fauno, foi responsável pela caracterização de Júlio Andrade como Paulo Coelho maduro, resultado nunca antes visto em uma produção brasileira. “Levei uns dias de filmagem até encontrar o tom certo para atuar com a máscara, que pesava cinco quilos”, conta o ator.




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