Mendoza: muito mais do que vinho

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Dérek Bittencourt

 
Imagine um lugar que alie a beleza das montanhas, vales e neve da Cordilheira dos Andes com inúmeros hectares de vinhedos, que produzem 1 bilhão de litros de vinho por ano, e a adrenalina do turismo de aventura. Sim, ele existe e está ainda mais acessível aos brasileiros a partir de junho: trata-se de Mendoza, na Argentina, que ganha voo direto a partir de Guarulhos para o feriado de Corpus Christi. Reconhecidamente um local que integra a rota do enoturismo, a província pode prover para os visitantes muito mais do que as delícias e prazeres da bebida. Claro, seria leviano querer ignorar que o derivado da uva é o grande carro-chefe do turismo local, mas as opções são fartas para quem quer ir além das vinícolas, taças e garrafas.
 
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A começar pela capital, de mesmo nome, Mendoza, e seus 120 mil habitantes. Charmosa, bem ao estilo europeu – afinal, foi toda reconstruída por imigrantes, especialmente italianos e franceses, após um terremoto que quase a tirou do mapa em 1861 –, a cidade (sobretudo em sua parte nova) mostra-se bem organizada, planejada e, principalmente, arborizada. Conta até com um simpático e funcional bonde que corta as avenidas principais.
 
Por estar fincada em meio a um deserto, conta com um sistema de canais, de aproximadamente 500 quilômetros de extensão, que traz a água do degelo das montanhas tanto para irrigar as vinícolas quanto para abastecer os moradores. Porém, com a dependência de duradouras nevascas durante o inverno para acumular água suficiente até o ano seguinte – chove apenas 200 milímetros por ano –, os mendocinos fazem campanhas contra o consumo excessivo, e há multa para quem lava o carro ou a calçada de casa.
Com mais de 1.000 vinícolas – 140 delas abertas à visitação –, a região é responsável por 70% da produção da bebida na Argentina, sendo que metade é feita a partir de uvas do tipo Malbec, o que coloca Mendoza no top 10 mundial dos locais que a cultivam. Alta tecnologia e grande investimento tornaram o solo fértil da província em uma espécie de catalisador para a economia local, que até a década de 1990 dependia quase que exclusivamente do petróleo.
 
Uma visita completa contemplando vinhedo, fábrica, locais de armazenamento nos barris de carvalho, degustação e venda constitui uma experiência inesquecível, repleta de aprendizados. Prepare o nariz para sensações incríveis na mistura de aromas e, em alguns casos, também mãos e pés para vivenciar algumas práticas mais rústicas, mas nem por isso menos sensacionais. Até porque a paisagem é deslumbrante. As plantações a perder de vista e o visual dos Andes ao fundo fazem o turista querer registrar cada passo.
Em uma das propriedades da Família Zuccardi (responsável, entre diversos rótulos, pelo famoso Santa Julia), por meros 35 pesos argentinos (cerca de R$ 10) é possível agendar uma visita com degustação. Como o local também produz azeitona, existe passeio para conhecer apenas a produção do azeite (que exige três frutas para fazer apenas uma gota; oito quilos resultam em um litro). Quem quiser ter ambas as experiências desembolsa 50 pesos (R$ 14). E a vinícola ainda reserva outras memórias marcantes, como passeios de cavalo, bicicleta e até balão sobre os parreirais.
 

Reconhecida internacionalmente, a vinícola Septima, com 11 unidades pelo mundo, também deslumbra por seu tamanho. Com 3 milhões de litros produzidos por ano só em Mendoza, tem no Brasil o terceiro principal mercado de venda, atrás de Argentina e Estados Unidos. A exemplo do espaço da Zuccardi, oferece até mesmo local para celebrar cerimônias de casamento ou outros eventos, com visual digno de moldura. 




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