Lições do futebol

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Heloísa Cestari

Jamil Albuquerque escrita em novo livro as virtudes que levaram craques como Ronaldo, Pelé e Neymar a obter o sucesso. Foto: Celso Luiz

Século 19, Inglaterra. Com a Revolução Industrial e o aprimoramento dos sistemas de produção, os empresários passaram a adotar mecanismos que desenvolvessem naturalmente a disciplina naqueles que deixavam de ser agricultores ou artesãos autônomos para tornarem-se operários com contrato de trabalho. Surgiu, então, a ideia de fazer campinhos nos fundos das fábricas para que os proletários disputasse uma 'pelada' durante os intervalos. A estratégia estava longe de ser mera cortesia patronal. Além de divertido, o futebol tinha regras e metas bem definidas, tempo determinado, limitação de espaços, forçava os jogadores a produzir dentro de um quadrado, estabelecia a competição e era orientado para resultados. Ou seja, era lazer e treinamento: permitia que todos extravasassem as tensões e, ao mesmo tempo, incentivava o trabalho em equipe. Sem que ninguém percebesse, a bola ajudou a construir uma das maiores potências do planeta. E continua a dar suas lições de negócios até hoje.


No livro Vivendo e Aprendendo a Jogar, o economista, especialista em marketing e gestor da marca MasterMind no Brasil e em outros oito países, Jamil Albuquerque, traça um paralelo entre o mundo corporativo e o futebol para revelar quais são as características essenciais daqueles que sempre jogam para vencer na vida. Segundo ele, responsabilidade, coragem, determinação, administração da raiva e persistência são algumas das virtudes que levaram craques como Ronaldo Fenômeno, Kaká, Romário e Neymar ao topo. “A ideia é que, ao se inspirar em exemplos de vencedores, o leitor também consiga mudar completamente sua vida, e para melhor”, explica o autor.


Para tanto, Jamil relembra casos de sucesso de atletas que sempre se destacaram, observando a postura e atitude de cada um. “O futebol é uma das grandes paixões dos brasileiros e é, sem dúvida, sinônimo de sucesso. Todo mundo conhece um jogador que veio de baixo e conseguiu chegar ao topo da carreira, sendo admirado e respeitado por muitos. Então, que melhor esporte para usarmos como exemplo neste livro que pretende ajudar o leitor a se tornar um vencedor?”


Outro ponto importante é o capítulo que relaciona o famoso método dos 12 passos de Napoleon Hill ao universo dos gramados. São ideias simples, mas que podem fazer grande diferença no desempenho pessoal e profissional de quem almeja vencer na vida. “A escola é o útero onde se constrói o futuro, mas a verdade é que algumas competências não se aprendem na escola formal. A consciência de que se pode ser um campeão, por exemplo, é aprendida quando o foco está voltado para os resultados, e não para as desculpas. Nada melhor que os resultados para nos ensinar algo”, diz Albuquerque, lembrando que o momento é propício ao Brasil. “Estamos respirando Copa, sobretudo por conta dos jogos que sediaremos. Queremos ser a locomotiva do mundo, e o futebol é um bom laboratório para testar nossa competitividade.” Confira algumas lições a seguir e sucesso!

 

1) PERSISTÊNCIA – Ronaldo Fenômeno
Nascido na periferia do Rio, Ronaldo foi eleito o melhor jogador do mundo por três vezes, sagrou-se campeão pela Seleção Brasileira e ficou bilionário. Enquanto jogava na Europa, lesionou-se duas vezes e quase foi derrotado pelas dores. Mas, depois de um tempo, voltou ao Brasil para jogar no Corinthians. Mas o que levou a insistir tanto na profissão mesmo após tantos revezes? A verdade é que, mesmo em cima de uma montanha de ouro, a vida torna-se monótona se estivermos sozinhos. Pesquisas mostram que a vida em comunidade propicia a longevidade do ser humano e diminui as doenças do coração. Ronaldo precisava do grito da torcida como combustível de motivação. Tanto que, no gol contra o Palmeiras, em seu segundo jogo pelo Corinthians, ele derrubou o alambrado de tanto que pulava e balançava a cerca de torcida alvinegra. Voltou ao instinto de vida. E embora seja conhecido por investir em outras áreas atualmente, como as lutas de MMA, competições de pôquer e jogadores de base, a grande lição que deixa é a da persistência. Quando todos pensavam que iria abandonar o futebol devido aos acidentes, ele recomeçava. Nos negócios e na carreira, todos passam por momentos muito difíceis. Mas lembre-se: quem desiste nunca vence, quem vence jamais desiste.


2) DEIXAR UM LEGADO – Rivaldo
Após ser eleito um dos melhores jogadores do mundo, Rivaldo experimentou alguns fracassos no Milan e no Cruzeiro que quase jogaram sua carreira na lama. Mas soube se reinventar, ser humilde e aceitar as críticas, passando a se dedicar cada vez mais. Depois de tirar lições preciosas do fracasso, foi campeão em times como Palmeiras, Barcelona, Olympiakos e Bunyodkor, venceu a Liga da UEFA pelo Milan e ajudou a conquistar a taça da Copa do Mundo de 2002 para o Brasil. O que ele fez com todo esse sucesso? Depois de jogar nos maiores clubes do mundo, foi atuar em um time pequeno de Angola, chamado Kabuscorp. Além de ensinar os angolanos a jogar futebol e treiná-los na arte da equipe, fazendo analogias das virtudes do gramado com o mundo dos negócios, construiu igrejas evangélicas na periferia da capital angolana como forma de aumentar a inteligência espiritual e ética do país, que precisa muito da contribuição de nações mais desenvolvidas para erradicar a miséria. Rivaldo está devolvendo à vida o que ele ganhou dela. Por isso, não importa a que altura você chegou na carreira, comece desde já a pensar como pode deixar um legado pessoal e profissional para a posteridade. Uma boa forma de pensar no legado que quer deixar é definir a frase que gostaria de ver escrita em sua lápide.


3) CAPACIDADE DE SE REINVENTAR – Romário
Considerado um dos melhores jogado



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