A musa da Copa

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Miriam Gimenes

Alê de Souza/Divulgação
"Só estava ali (sorteio das chaves) fazendo meu trabalho". Foto: Alê de Souza

Algumas situações determinantes na vida de uma pessoa podem ocorrer em uma fração de segundos: a palavra que rendeu um emprego; o passo atrás que evitou uma tragédia; a escolha do caminho certeiro; o olhar que encontrou o amor. Nenhuma requer muito mais do que curto espaço de tempo. Em dezembro, Fernanda Lima, única entre os ‘boleiros’ do palco, usa um arrebatador vestido dourado da grife Hervé Leger para anunciar as chaves no sorteio da Copa do Mundo da Fifa. O mundo parou não só pela expectativa dos torcedores em saber quais seriam os adversários de suas respectivas seleções, mas também pela beleza da até então desconhecida – mundialmente, diga-se – apresentadora. Os números não mentem: segundo o jornal inglês Daily Mail, durante e depois do evento, dez pessoas por segundo comentaram sobre ela no Twitter. Não à toa, ganhou, com seis meses de antecedência, o título de Musa da Copa.

A gaúcha jamais imaginou que sua participação teria tamanha repercussão. Para o bem e para o mal, visto que a transmissão não foi feita no Irã por conta do decote da peça. “Pediram um vestido dourado e este apareceu para me salvar. Brasil (foi na Bahia), verão... Achei que estava adequado. Mas, se soubesse (da negativa ao decote), não usaria. Só estava ali fazendo o meu trabalho.”

O fato é que Fernanda ganhou notoriedade internacional: o site italiano La Gazzetta dello Sport publicou reportagem que a definia como “a magia do sorteio”. Já o Olé argentino a rotulou de “nova Larissa (Riquelme)”, a musa da Copa passada. O ator e marido Rodrigo Hilbert, que dividiu a apresentação com ela, ficou enciumado. Em casa, no entanto, aproveitou o foro privilegiado e pediu para que ela colocasse novamente o vestido para ele apreciar de camarote.

Rafael Lima, seu irmão e sócio nos restaurantes Maní e Manioca, conta que a família ficou orgulhosa da notoriedade que Fernanda ganhou: “Não esperávamos esta repercussão. Foi incrível, fiquei surpreso. Nos dias seguintes aos eventos da Fifa, chegavam e-mails de vários lugares do mundo elogiando, pedindo autógrafos e fotos. Acho isso muito bacana porque a tornou mais conhecida, mas traz uma carga de responsabilidade ainda maior para ela, o que é ótimo para seu crescimento pessoal”.

Além do sorteio, a gaúcha também apresentou em janeiro o Bola de Ouro, em Zurique (Suíça), desta vez com um longo mais comedido, desenhado pelo estilista Samuel Cirnansck, coberto por cristais Swarovski e estimado em R$ 16 mil. Mas a apresentadora não é deslumbrada. Tem outros tipos de preocupação. Embora deixe o mundo de queixo caído em um evento com Pelé, Messi, Ronaldo e Cristiano Ronaldo, Fernanda faz falta a quem mais importa: os gêmeos Joaquim e Francisco, 6 anos. Rafael diz que ela é apaixonada pelos ‘guris’. “Ela é muito carinhosa, sabe conversar e orientar de uma maneira leve e tranquila. Admiro a família que formou.”

A apresentadora diz que é difícil conciliar a agenda de eventos e os compromissos na TV com a rotina pessoal. Faz grande esforço para ficar com os filhos pela manhã e à noite, mas não tem do que reclamar. “Não posso dizer que passo por dificuldades como aquela mãe que tem de pegar ônibus todo dia para trabalhar, limpar a casa, buscar os filhos na escola. Sou auxiliada por outros profissionais.”

A maternidade trouxe mais segurança e a capacidade de valorizar o que tem. “Quando somos novas, sonhamos com coisas que não existem.” Considera, portanto, cada milésimo de sua vida valioso não pelo número de vezes que seu nome aparece na internet, mas sim pela possibilidade de desfrutar tudo com quem ama. Seu conceito de luxo vai além do que um dicionário pode definir: “Luxo, para mim, é poder fazer esporte; ter sombra, brisa, água de coco, criança, família, um bom livro, amor e sexo”. Não necessariamente nesta mesma ordem.

No último episódio da temporada de Amor & Sexo

DAS PASSARELAS À TELINHA
Garota de capa da revista Capricho aos 14 anos, Fernanda começou trabalhando como modelo. Saiu de Porto Alegre e rodou o mundo. Quando retornou ao Brasil, foi convidada pela MTV para ir ao Havaí – ela sempre se considerou uma ‘rata de praia’ – para gravar o programa Mochilão. Tempos depois, formou-se em Jornalismo e apresentou o programa Interligado, na Rede TV!. Como o filho pródigo à casa torna, um ano depois voltou a apresentar o Mochilão e o programa Fica Comigo.

Também esteve à frente do VMB (Vídeo Music Brasil), premiação musical realizada pela emissora em 2002 e 2003. Só que o corpo e a mente pediam um período sabático. Precisou de um ano para descansar e mudar para o Rio de Janeiro. Em 2005, teve a oportunidade de substituir a apresentadora Angélica no quadro Vídeo Game, durante licença-maternidade, e foi ficando na Rede Globo. Foi protagonista da novela Bang-Bang, mas recebeu diversas críticas por sua atuação. “Apanhei, mas não desisti”, diz. Fez também Pé na Jaca e, em paralelo, gravou o quadro Daqui para Frente, do Fantástico. Em seguida, ganhou a apresentação do Por Toda a Minha Vida, programa de homenagens musicais. Mostrou, aos poucos, que sua capacidade ia além do que a crítica pensava. “O mundo está descobrindo agora o que eu já sabia há dez anos”, declarou recentemente o diretor de Amor & Sexo, Ricardo Waddington, que desde o início apoiou a carreira de Fernanda.

O programa está sendo liderado pela apresentadora desde 2009. Devido ao sucesso de audiência, inclusive na última temporada, com 14 pontos no Ibope, foi ganhando sobrevida. Um presente para ela. “É isso o que eu sempre quis fazer, desde a MTV. O Amor & Sexo foi uma surpresa para mim. Poder falar do tema sem ficar vulgar abriu meus horizontes”, diz.

Uma nova temporada no segundo semestre ainda está sendo discutida na emissora, mas Fernanda já comemora colocar um tema considerado como tabu em discussão no País. Atualmente, ela está à frente do reality show musical SuperStar, junto com André Marques.

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