Furacão Gisele

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Miriam Gimenes

Ricardo Trida
Gisele foi aplaudida de pé na última edição da SPFW

Luz na passarela que lá vem ela. Não importa quantas vezes a sala de desfiles já foi cruzada pela top, é sempre a mesma expectativa. E é só ela aparecer que a plateia entra em êxtase. Afinal, trata-se da modelo número um do mundo, aquela que foi agraciada por uma beleza única e, na mesma proporção, carrega o carisma inerente às grandes estrelas e o nome do País aos quatro cantos do mundo. Até mesmo aquele que acorda todos os dias ao seu lado – e pela primeira vez assiste a um evento de moda no Brasil – fica boquiaberto ao presenciar a reação dos espectadores. Levanta da primeira fila em câmera lenta para, junto aos demais ‘mortais’, aplaudir de pé aquela que na intimidade é a mãe de seus filhos. É assim toda vez que o furacão Gisele contraria as regras naturais – já que fenômenos deste tipo não acontecem no País – e atravessa a São Paulo Fashion Week. Não fica pedra sobre pedra.

O mesmo ‘abalo’ aconteceu na moda desde que a menina saiu de Horizontina, no Rio Grande do Sul, para arriscar carreira até então desconhecida pela família. Pinçada pelo caça-talentos Dilson Stein, resolveu investir em sua sugestão e veio a São Paulo para ser agenciada pela Elite Models. “Fiquei impressionado com seus traços e jeito de se portar. Comentei com sua mãe (Vânia) que ela poderia ser uma grande modelo.” O tiro foi certeiro. “O que acho muito legal na Gisele é que, mesmo nos testes em que recebia um ‘não’, saía de cabeça erguida. Ela tinha a estrela”, lembra o olheiro.

“Que bom que não roubamos esse sonho e que funcionou”, comemora o pai, Valdir Bündchen. E funcionou tanto que ela foi eleita, pelo sétimo ano consecutivo, como a modelo mais bem paga do mundo pela revista Forbes – a publicação calculou que seu ganho entre junho de 2012 e o mesmo mês de 2013 foi de US$ 42 milhões (cerca de R$ 100 milhões). Nada mal para quem havia vislumbrado apenas ser jogadora de vôlei.

O fotógrafo Angelo Pastorello a conheceu no debute. O primeiro contato com a new face foi em um trabalho para a revista Manequim, em que Gisele participou de um editorial em estúdio. Depois, a clicou para a Capricho, em um especial de Dia dos Namorados realizado no Centro de São Paulo. “Ela tinha personalidade bastante forte, conduta profissional diferenciada, principalmente em uma época na qual as modelos não começavam tão cedo quanto hoje.” Sem grandes pretensões, Pastorello aproveitou o intervalo do trabalho para registrar a foto que, anos depois, foi arrematada em um leilão por R$ 9.000. A renda, a pedido da modelo, foi toda revertida para a preservação da Amazônia.
Hoje, a top model não só abusa do efeito Gisele – que sempre resulta em cifras – para garantir seu futuro como também para trabalhar em prol da natureza e divulgar as diretrizes do projeto Água Limpa, desenvolvido em parceria com o pai, que visa limpar um rio próximo à sua cidade. Não à toa, ela é embaixadora da Boa Vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Até estrelas de Hollywood, como Jennifer Aniston, rendem-se aos encantos da top brasileira. Em entrevista à revista Parade, a atriz confessou invejar os cabelos de Gisele. E não está sozinha: qualquer mulher sonha em chamar as madeixas da modelo de suas. Não fosse isso, a sua parceria com a marca Pantene, da qual é garota-propaganda desde 2007, não teria dado certo. “Gisele é um rosto reconhecido no mundo inteiro e para nós, da Pantene, é um imenso prazer estar atrelado a um dos maiores ícones de beleza da atualidade. A top está conosco desde o momento em que a marca foi relançada no Brasil e, a partir de então, já crescemos dez vezes. Compartilhamos de uma longa história de trabalho e sucesso. Além disso, Gisele ainda tem todos os atributos que a marca valoriza, como beleza, saúde e bem-estar”, relata Gabriela Onofre, diretora de Comunicação e Marketing da P&G.

O furacão das passarelas também empresta sua imagem a inúmeras outras marcas. Vivara, Grendene, Colcci, Pro-V, H&M, Louis Vuitton, Oral-B e Carolina Herrera são alguns dos nomes que fazem questão de estar atrelados a ela. E não poupam esforços – nem dinheiro – para isso. Só no período em que foi angel da Victoria Secret, ganhou US$ 15 milhões. E em contrato assinado com a Chanel por seis meses, teria embolsado R$ 8,1 milhões. “Escolhemos Gisele porque ela é única. Não existe mulher tão linda, sofisticada e ao mesmo tempo simples como ela”, disse a estilista Carolina Herrera à coluna de Bruno Astuto em fevereiro, durante lançamento da fragrância em Nova York. O pai, que é consultor de empresas, atribui esse assédio publicitário à boa imagem que ela construiu nos quase 20 anos de carreira.

Nada como um dia após o outro. Àqueles que disseram que seu nariz a impediria de estampar uma simples capa de revista – ela já fez cerca de 500 delas –, a resposta é sintetizada de forma sutil com o gesto que ela fez em parceria com Valesca Popozuda após o desfile descrito no início desta reportagem: beijinho no ombro.

A top está casada desde 2009 com Tom Brady

HOME SWEET HOME
Há pouco Gisele ficou afastada da São Paulo Fashion Week. O motivo foi nobre: o nascimento da caçula Vivian Lake, de 1 ano e 4 meses. A pequena é fruto do relacionamento com o jogador de futebol americano Tom Brady – o mesmo que ficou boquiaberto com o calor brasileiro nos desfiles –, e com quem também teve Benjamin, 4 anos. Embora a família more nos Estados Unidos, ela faz questão de os pequenos falarem inglês e português.

Há quem diga que seus traços não traduzam a beleza da mulher brasileira, mas Gisele sempre exalta sua nacionalidade e, vez por outra, vem à terra natal. No desfile que marcou seu retorno, em outubro do ano passado, declarou não sentir em nenhum outro lugar do mundo o que sente aqui. “É sempre muito bom desfilar no Brasil.”

E quando ela vem, traz mala, cuia e os filhos a tiracolo. Sempre disse que seu sonho era ser mãe de três. E agora as contas fecham, j



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