Mulheres no comando

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Isadora Almeida

Vilma acredita que o preconceito em relação à mulher está ultrapassado. Foto: Claudinei Plaza

 Foi-se o tempo em que o status de líder da casa ou empresa cabia apenas ao homem. Embora eles ainda tenham vantagem no valor salarial, as mulheres ganharam terreno e ocupam cada vez mais cargos de chefia. Pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que na última década a promoção delas, em alguns setores, dobrou. E há quem esteja contribuindo – e muito – com esta estatística. É o caso da Via Varejo, grupo que administra as marcas Casas Bahia e Ponto Frio e criou o programa Líderes do Futuro, que incentiva colaboradores da empresa a liderar.
O processo seletivo, que teve início em 2011, já capacitou 290 profissionais, 65 deles mulheres. No Grande ABC, o que não falta é representante. Conheça a seguir a história de duas guerreiras, Vilma e Joelma que, além de darem conta da casa e família, ainda têm uma loja inteira para administrar. E quer saber? Elas ainda são capazes de fazer muito mais, sem deixar de ser, antes de tudo, mulher.

VISIONÁRIA
Vilma da Silva Rodrigues, 37 anos, começou sua carreira como vendedora no setor de telefonia da Casas Bahia em 2007. Integrou o Líderes do Futuro e, após sua conclusão, assumiu o cargo de subgerente em Diadema. Passados seis meses, mudou-se para a loja de Santo André, no Grand Plaza Shopping, onde hoje ocupa o cargo de gerência. Por experiência própria, acredita que o paradigma da visão masculina está sendo quebrado. “Isso está ultrapassado. Aqui (na loja) não existe mais isso, mas sei que ainda existe preconceito em outras empresas. A mulher ainda tem que provar que é capaz. O que as pessoas precisam entender é que, independentemente do sexo, líder é líder”, conclui a profissional.
Desde o início sabia que haveria necessidade de concluir o Ensino Superior para integrar programa. Para realizar seu sonho, tratou, portanto, de cursar Gestão Comercial na Uninove e hoje coordena 40 funcionários da loja.
O programa possui processo seletivo dividido em quatro etapas. Após a inscrição, é realizada uma dinâmica de grupo, entrevista individual com psicólogo para avaliar se o colaborador possui característica de líder, avaliação comportamental para entender o que o cargo exige e painel de competências, onde o funcionário se apresenta para uma banca (os diretores regionais da Casas Bahia e do Ponto Frio). Se ela aprovar, o contratado recebe o diploma e está automaticamente apto a exercer o cargo de subgerente ou gerente da loja.
Desde que se tornou gerente, Vilma conseguiu quadruplicar seu salário. No futuro, a profissional sonha adquirir uma casa maior e cursar pós-graduação em Comércio Exterior, já que o Via Varejo proporciona essa possibilidade. Sua vontade de crescer é incessante. Casada há dois anos com Marcos, a paixão da vida dela, quando não está trabalhando ela gosta de passear com suas duas filhas, Luíza, 10, e Beatriz, 16, e também com Bruna, 8, e Thainá, 13 anos. As duas últimas são suas enteadas.

O infortúnio pessoal não foi motivo para Joelma desistir da profissão e crescer na carreira. Foto: André Henriques

SUPERAÇÃO
Assim como Vilma, Joelma Cardoso Damião é uma mulher que almeja crescer profissionalmente. Com apenas 30 anos, exerce o cargo de subgerente da Casas Bahia e já está há nove anos na empresa, onde começou em vendas. Até mês passado, trabalhava na loja de São Caetano, mas para ficar mais próxima de seu filho, Pedro, pediu transferência para São Miguel Paulista. Só que durante este período, ao passo que tinha ganhos profissionais e participava do Líderes do Futuro, sofreu um desfortuno pessoal. Seu marido, Cícero Pedro de Araújo, morreu, aos 37 anos, no fim do ano passado, vítima de infarto fulminante. Joelma se viu sozinha com o filho, de apenas 3 anos.
Além de ser seu companheiro de vida, Cícero sempre a apoiou e estava muito feliz com o progresso que havia conquistado. Após a sua perda, a empresa ofereceu psicólogo e assistente social e Joelma se apoiou no trabalho para superar o luto. “Eles me ampararam e não desacreditaram do meu potencial. Eu me abalei, mas o trabalho e as pessoas que ali estavam me ajudaram muito”, lembra a subgerente.
Formada em Administração de Empresas pela Universidade Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, e em Gestão de Pessoas, pela Universidade Cruzeiro do Sul, a lição que tirou durante toda sua trajetória foi o aprendizado e o cuidado com as pessoas. “Aprendi muito. Assumi a função sabendo delegar, dentro da ética e do respeito, e também a estimar as pessoas, não só a venda”, explica.
Joelma foi a primeira mulher a assumir o posto na terceira edição do programa. Cobiça a ocupação de gerente regional. Em seu tempo livre, gosta de ler e paparicar Pedro. Para ela, oportunidades existem para as mulheres determinadas e que buscam o espaço que merecem. “Basta querer”, conclui.




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