Entre a ficção e a ciência

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Isadora Almeida

Ator revela que tem interesse pela ciência mesmo não sendo bom aluno na época da escola. Foto: Celso Luiz

 “A diferença entre a verdade e a ficção é que a ficção faz mais sentido”, já dizia o escritor e humorista Mark Twain (1835-1910). Interessado pelo tema, Thiago Fragoso, 32 anos, define-se como ator, cantor, compositor e tão entusiasta da ficção, sobretudo a científica, que ainda pretende escrever um livro sobre este universo. Homem feito, alto, de olhos azuis penetrantes e cabelos loiros encaracolados que se assemelham à feição de um anjo (ou carneirinho...), o ator – que acaba de entrar para a história da teledramaturgia no papel do personagem Niko, de Amor à Vida – é inteligente, gosta de estudar e procura manter-se informado sobre tudo o que acontece no mundo. Mas também joga videogame nas horas vagas.
Foi nessa dualidade de maturidade e inocência que o galã revelou à Dia-a-Dia o seu interesse pela ciência, que surgiu ainda na escola. Na época, ele ficava fascinado com as aulas de Física. Mas, quando chegavam as provas, suas notas não eram tão boas. “Eu ficava babando, achava tudo incrível, mas não decorava as fórmulas. Era ruim”, recorda.
A reviravolta ocorreu quando viajou para o Alabama (Estados Unidos), aos 16 anos, para fazer intercâmbio de um ano. Lá, encontrou um amigo que o aproximou um pouco mais do terreno científico e, a partir daí, a paixão pelo assunto ganhou lugar cativo em seu coração. Chegaram até a visitar uma faculdade de alta tecnologia.
Apesar de não ter sido bem-sucedido no mundo dos cientistas, o ator garante que não deixou de ser um pesquisador e acredita que seu interesse pelo assunto até favorece a saúde, pois estimula áreas diferentes do cérebro. E haja disposição de neurônios! Em suas andanças literárias, Thiago já explorou os campos da nanotecnologia, da biologia sintética, da engenharia genética e até da física quântica.
Mas, ainda que o encanto permaneça, foi nas artes cênicas que o carioca trilhou seu caminho. Aos 8 anos já fazia teatro, e considera que a carreira sempre fez parte de sua vida. Não foi exatamente uma escolha. Profissionalizou-se aos 11, quando estrelou o musical Os Sinos da Candelária – peça baseada no massacre de meninos de rua na igreja carioca em 1993. Depois disso, não parou mais. Realizou inúmeros workshops e cursos de formação de voz, corpo, interpretação, dança e canto com profissionais renomados como Amir Haddad e Luis Melo. Seu rosto foi visto na televisão pela primeira vez na minissérie brasileira Confissões de Adolescente, onde fez participação especial em 1994. Depois veio Malhação e aí não parou mais: foi uma novela atrás da outra até chegar ao papel de Niko no horário nobre.
Além das telinhas, contracenou em diversas peças de teatro e também no cinema. Neste último, o trabalho mais recente foi dublar Jack Frost, em A Origem dos Guardiões. Já no teatro, a última atividade – que deixou marcas em sua vida – foi a peça Xanadu, no papel de Sonny Malone. Foi neste trabalho que o ator sofreu um acidente enquanto encenava um voo musical. Caiu de uma altura de cinco metros porque os quatro cabos de aço que o sustentavam romperam. O resultado do tombo foram fraturas múltiplas em seis costelas, perfuração de pulmão, dilaceração do diafragma e dos músculos intercostais e paravertebrais, quebra de uma vértebra na região lombar, lesão no fígado e hemorragia interna.
A recuperação foi delicada: os médicos tiveram de pôr três próteses de titânio nas costelas do ator e reconstituir o diafragma e os músculos intercostais durante uma cirurgia. Depois de receber alta, o galã ainda amargou três meses de molho em uma cama hospitalar que teve de instalar em sua residência. A lição que tirou dessa etapa da vida? Valorizar a família. “Sempre fui caseiro. Mas, nessas horas em que você sente que está para perder, vê o amor que tem com a família.”
Depois do susto, é impossível não falar sobre morte. O galã diz sentir um misto de terror, pânico e fascínio pelo assunto, e confessa que adoraria entender o luto, saber e ter fé absoluta de que há vida após o óbito, como todo ser humano. “Sou uma pessoa que faz esse questionamento em relação à morte.”
Se não atuasse, Thiago seguiria a carreira de cantor como primeira opção. Poderia dirigir ou escrever também no meio artístico. “Sou um cara muito curioso. Gosto da área de humanas, mas ao mesmo tempo sou inventivo. Poderia ser um cientista maluco, apesar de ter dificuldade em exatas”, analisa.

Thiago Fragoso comprou direitos de peça norte-americana. Foto: Sérgio Santoian/Divulgação

AMOR À VIDA

Thiago elenca quatro produções como grandes marcos de sua carreira: a minissérie A Casa das Sete Mulheres e as novelas O Profeta, Lado a Lado e O Astro. “Esses são os trabalhos principais, e que são bem diferentes entre si”, ressalta. Sente falta do teatro, mas por enquanto não tem planos de voltar. Apesar da formação teatral, tem paixão pela televisão e confessa que adora o ritmo de gravações da telinha, embora também nutra um carinho especial pela sétima arte. “Cinema é a cereja do bolo. Quando você pode fazer um filme, é sempre uma satisfação, porque não temos uma indústria cinematográfica desenvolvida no Brasil.”
Entre os possíveis papéis de uma novela, Thiago menciona dois que ainda pretende fazer. Embora já tenha interpretado um vilão em Agora É Que São Elas – onde entrou no meio da trama –, gostaria de fazer um antagonista clássico desde o início. Também adoraria atuar como um louco e acredita que desenvolveria bem o papel. Mas nunca atuou por comodismo e afirma categórico que aceita qualquer tipo de personagem, desde que não coloque em risco a sua



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