Futurar é preciso

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Miriam Gimenes

Beia Carvalho ensina a futurar. Foto: Andrea Iseki

“A melhor maneira de prever o futuro é construí-lo”. A máxima proferida pelo pai da administração moderna, Peter Drucker, tira a ideia passiva de que o que está por vir é de responsabilidade divina. A própria Bíblia, em pelo menos três passagens, atribui aos seres humanos o tal do livre-arbítrio, que consiste em escrever o próprio destino de acordo com suas escolhas. Então, chega de protelações: é hora de deixar de se preocupar apenas com o presente, começar a traçar metas e fazer o devido planejamento para alcançá-las – tanto na vida pessoal quanto na profissional. A palavra de ordem é futurar. Afinal, como bem disse a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Elleanor Roosevelt, “o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”.

Especialista no assunto, a coach Beia Carvalho, presidente da Five Years From Now, instrui empresários de pequenas e médias empresas a pensar no sentido do termo ‘futurar’. “Quando você faz isso, olha para o futuro com bons olhos. Você tem a oportunidade de estar em um lugar onde nada existe, nada está pronto, então nada é impossível.” Segundo ela, a humanidade costuma preocupar-se muito apenas com o presente – inclusive os brasileiros – e, por isso, todo mundo pensa igual, o que inviabiliza a possibilidade de grandes ideias. 

Estamos em uma transição de era, acrescenta a especialista, e quem não tiver a consciência de que, para o próximo período, é preciso inovar vai ser atropelado por quem o faz, em qualquer setor da vida. E não precisa pensar tão longe: como o próprio nome de sua empresa diz, ela aconselha a traçar objetivos para, no máximo, cinco anos. “Perto o bastante para você imaginar e longe o bastante para você sonhar.”

No livro Carta ao Pequeno Empreendedor, o autor Edson Massola Jr. diz que a maior vantagem do planejamento é que você ‘assina’ um compromisso. “É a etapa inicial de qualquer projeto (pessoal ou profissional) e é tão importante que pode definir o seu sucesso ou, infelizmente, seu fracasso. Por esse motivo, ao confeccioná-lo, seja disciplinado e metódico. Quanto maior o nível de detalhes, maior será a probabilidade de acerto.”

Com os planos visualizados, como saber, então, se está no caminho certo? “Se for muito sofrido, você não está no caminho certo”, alerta Beia. Quando se pensa na história de uma pessoa física, o período de cinco anos é suficiente para muitos acontecimentos e imprevistos. “Este fulano pode casar, ter filhos, mudar de emprego... Existem inúmeras possibilidades. Uma moça de 25, que acabou de sair da faculdade, se quiser ser diretora de uma empresa aos 30 anos, por exemplo, não conseguirá planejar facilmente uma maternidade. Ela precisará ter foco”, explica a coach.

Mas e se o emprego é o problema e ela não sabe o que fazer? Neste caso, é importante saber onde está a crise e mudar. Empreender pode ser uma opção. Estudo feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) aponta que 48% dos empreendedores abriram a empresa sem qualquer experiência. Isso não quer dizer, no entanto, que estes empresários que resolveram arriscar estão fadados ao fracasso.

“Pela minha experiência, por mais que você saiba empreender, sempre será uma caixa preta. Sempre haverá o que aprender ou um tombo a levar. Mas, se não arriscar, você nunca vai saber”, desafia Beia. Agora é a hora, portanto, de fazer um balanço de sua conduta para ver o que pode ser feito de diferente. Afinal, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

A RODA DA VIDA
O contador e assessor na área de educação financeira José Roberto Xavier de Paiva, da Olímpia Contábil, diz que para realizar objetivos – e ver a profissão ou empresa prosperar – é essencial ter equilíbrio em todos os setores da vida. Para isso, usa o diagrama chamado Roda da Vida – que compreende dez áreas – a fim de medir a organização da rotina de seus clientes. “Por trás de cada empresa, há uma pessoa, um profissional, um pai ou mãe de família, um jovem empreendedor. Portanto, se esta pessoa está equilibrada emocional, psicológica e espiritualmente, suas decisões e escolhas serão mais acertadas. Assim, haverá probabilidade maior de êxito em seus empreendimentos pessoais e empresariais.”

Entre os setores analisados estão: saúde e condição física, lazer, relacionamentos e amigos, romance e relação íntima, família, emocional, espiritual, intelectual, profissional, financeiro e dinheiro. “Para que a pessoa tenha saúde integral, é preciso que ela esteja bem em cada uma destas áreas. Todas elas influenciam e são influenciadas entre si.”
Traçada a roda da vida pessoal, analisa-se a profissional (vendas, compras, recursos humanos, administração, finanças, marketing e relacionamento com cliente, produção, operacional, jurídica, pesquisa e desenvolvimento) e, então, são definidos os caminhos para fazer diferente.

Se as finanças não estão equilibradas, por exemplo, Paiva sugere fazer um planejamento por escrito. “Esse documento deve envolver todos em casa ou na empresa. Nas famílias, não importa a idade, como é uma questão de educação, de hábito, que se transforma depois em um padrão de comportamento, crianças e jovens devem participar deste momento.” Para estimular os pequenos, ele sugere a oferta de papel e lápis coloridos para que desenhem, recortem e colem seus objetivos em um lugar à vista. Depois, é só ajudá-los a verificar quanto custará para atender a essas demandas e quanto terão de poupar para chegar a este fim.

A boa notícia é que a fórmula para solucionar este tipo de imbróglio é simples: não gaste mais do que ganha, não gaste tudo o que ganha e jamais gaste antes de ganhar, independentemente do montante que entra em sua conta ao fim do mês. “A necessidade e os benefícios do planejamento são os mesmos tanto para o micro quanto para o grande empresário. A diferença é que o pequeno pode ter uma agilidade para se readequar a uma situação nova – e, portanto, não prevista – que o grande muitas vezes não tem.” Assim como sugere Beia, Paiva considera que definir prazos é fundam



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