Eterna rainha

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Raquel de Medeiros

Programa especial em homenagem aos 50 anos da loira. Foto: Matheus Cabral/Rede Globo/Divulgação
Há 50 anos, os brasileiros puderam ver pela primeira vez uma transmissão a cores na televisão. No mesmo ano, coincidentemente, nascia aquela que se tornaria uma das principais estrelas das telinhas coloridas: Maria da Graça Xuxa Meneghel. Assim como os corpos celestes que emitem luz, Xuxa foi abençoada com a mesma façanha. Foi só a apresentadora colocar os pés nos estúdios de TV para que as câmeras se hipnotizassem por aquela criatura de beleza pouco brasileira, no alto dos 20 anos, com jeito moleque, rabo de cavalo, ombreiras gigantescas, voz quase infantil e energia de dar inveja. O público entrou em êxtase. Em pouco tempo, Xuxa ganhou o apelido de Rainha dos Baixinhos, virou celebridade em território nacional e também no Exterior. E como uma boa rainha, a apresentadora não perdeu a majestade. Três décadas depois, continua sendo referência de beleza e talento à frente de um programa semanal na Rede Globo, emissora que a acolheu desde o início, após ser revelada ao grande público pela extinta TV Manchete.

Além das três décadas de carreira, Xuxa completou 50 anos em março e passa por visível fase de transformações nas vidas pessoal e profissional. A loura amadureceu, levantou a bandeira contra a violência infantil e assumiu, inusitadamente, um relacionamento apaixonado e sério. Aos olhos da própria rainha, tudo se transformou. “Mudei muito. Hoje sou uma mulher com ideais, metas, e não só sonhos. O corpo também muda muito com essa idade, não só a cabeça”, assume, sem demagogia.
Nada mal para quem há pouco tempo dizia aos quatro cantos que não acreditava em relações duradouras. Nada mal também para quem se manteve intocável por tantos anos, atrás de uma imagem perfeita. Mas quem tem olhos para observar percebe que Xuxa nunca foi perfeita. E talvez pelas próprias imperfeições é que ela tenha exercido sempre tamanho fascínio.
 
‘AINDA FALTA MUITA COISA’
Apesar de ter começado como modelo, atraindo olhares masculinos, a verdadeira estreia de Xuxa se deu em lado completamente oposto, em 1983, como apresentadora infantil do Clube da Criança, na Rede Manchete. O programa tinha o formato de uma grande gincana. Xuxa tinha de apresentar, organizar as brincadeiras e não deixava de dar pequenas broncas nas crianças mais bagunceiras quando necessário. Depois, pedia desculpas. Mas o jeito atípico, em vez de repelir, atraiu. Qual seu segredo? “Acho que é só usar a verdade”, diz a loira. “O fato de fazer o que gosto me dá uma alegria sem tamanho. Amo ficar do lado dos meus ‘baixinhos’ e sei que eles sentem isso”, explica.
Xuxa acredita ser uma pessoa de sorte por exercer profissionalmente o que ama. Mas admite que já chegou a repensar a profissão. “Todos fazem isso”, afirma sem querer dar mais detalhes. E não só os baixinhos receberam atenção da rainha. Ao longo destes 30 anos de trabalho, Xuxa apresentou programas para jovens, fez filmes, produziu discos, DVDs e não para por aí: quer mais. “Profissionalmente, ainda falta muita coisa.” Questionada sobre o futuro na carreira, ela recua. Prefere não dizer o que está por vir: “São muitos sonhos, muitos mesmo. Sou ariana, quando realizo um, já tenho dois na fila”.
 
MILITANTE SOCIAL
Em vez de fazer uma grande festa em causa própria para comemorar o aguardado aniversário de 50 anos, Xuxa optou por realizar um evento beneficente. Ter a possibilidade de ajudar as pessoas do Hospital do Câncer e fazer melhorias na Fundação Xuxa Meneghel foram os principais objetivos da celebração. Além disso, propositadamente ou não, no ano passado, em entrevista ao Fantástico, a apresentadora decidiu declarar ter sido abusada sexualmente na infância. Foi criticada por muitos. Porém, certa ou errada, acabou incentivando a luta contra este tipo de violência.
Independentemente dos intuitos da confissão, Xuxa fez um grande bem. Encorajou jovens e crianças a denunciar abusos. E deu o primeiro passo para um caminho mais longo. Recentemente, participou de um fórum em Comandatuba, na Bahia, que reuniu executivos, empresários e gestores públicos para discutir políticas de desenvolvimento econômico e social no Brasil, e pediu que Renan Calheiros, o presidente do Senado, desse prioridade ao projeto conhecido como Lei da Palmada, que proíbe o uso de violência física na educação dos filhos. Xuxa também está à frente de campanhas como Carinho de Verdade, Não Bata e Eduque.
 
Xuxa e Pedro Bial assistem à declaração de amor de Junno Andrade em telão de programa especial. Foto: Matheus Cabral/Rede Globo/Divulgação
DOIS AMORES
Se na vida profissional a eterna Rainha dos Baixinhos ainda sente que tem muito a fazer, na pessoal ela está satisfeita. Diz que um dos principais sonhos já foi realizado: tornar-se mãe. “Ela (Sasha) é a minha vida.” E a relação com a filha, fruto do relacionamento com o ator Luciano Szafir, não poderia ser melhor. “Somos superamigas. Minha mãe também é assim comigo: é muito minha amiga. Não poderia ser diferente com a Sasha. Ganhamos muito mais com isso.”
Para o futuro da filha, que é jogadora de vôlei no Flamengo, com boas perspectivas de carreira, a mãe coruja não faz planos. “Prefiro que  escolha. Estarei sempre do lado dela, respeitando suas decisões e a sua intimidade.”
Se a sina das estrelas é brilhar reclusas à própria solidão, Xuxa também manteve essa verdade por muito tempo. Chegou a citar que teria vivido um grande amor com o piloto Ayrton Senna (1960-1994), no fim da década de 1980, mas também afirmou ter pavor de casamento e relações duradouras “por irem contra a sua própria natureza”. 
Inusitadamente, no entanto, aos 50 anos a apresentadora foi obrigada a se contradizer: voltou a se apaixonar. Tornou-se mais leve, mais crente e não se cansa de elogiar em público o namorado, Junno Andrade. E admit


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