Quem vos fala

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Isadora Almeida

Versolato é a voz da Warner Channel e da programação da NET. Foto: Orlando Filho

 Assistir à televisão é um hábito comum dos brasileiros. Não à toa, 95% dos domicílios do País têm o aparelho, que representa, para muitos, a mais preciosa fonte de informação e entretenimento. Esta cumplicidade transforma aqueles que aparecem na TV íntimos dos telespectadores, quase um integrante da família. Mas, e quem está nos bastidores? Eles também trabalham muito e podem facilmente ser reconhecidos nas ruas. Basta abrirem a boca. É o caso dos locutores que emprestam sua fala para comerciais, seriados, filmes e documentários, além de emissoras de rádio. Conheça os profissionais da região que são donos de vozes que você, com certeza, já ouviu em algum lugar.


Wilson Versolato

O locutor Wilson Versolato, 46 anos, nasceu em São Bernardo. Ainda criança, com apenas 3 anos, disse para a irmã que se não trabalhasse com a voz, preferia a morte. Pouco tempo depois, já operava e falava na rádio. Mudou-se com o pai para Sumaré e, três anos depois, conseguiu trabalhar na rádio Jundiaí. Em seguida, foi para a rádio Metropolitana, depois para a Energia 97 FM e também atuou durante seis anos rádio Diário AM 1300, que funcionou até 1993.
Entre uma empresa e outra, buscou o aperfeiçoamento. Em 1991, cursou a faculdade de Letras com o objetivo de melhorar o português. Em seguida, estudou Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Paulo e emendou a graduação de Jornalismo pela Universidade São Marcos.
Ficou tão gabaritado que há 16 anos tornou-se, de fato, voice-over – voz que aparece em cima da imagem ou áudio – na Warner Channel. Lá, dá ‘vida’ a personagens de seriados e filmes. E seu currículo não para por aí: desde 1997, também trabalha para o Discovery Channel Brasil, onde faz locução para documentários conhecidos: Os Arquivos do FBI, Desaparecidos, Novos Detetives, Parasitas Assassinos e Terra do Tigre. O profissional também é a voz padrão da NET, fez chamadas para o SBT e para a HBO.
Em paralelo, leciona para cursos de locução e comunicação na Universidade Anhembi Morumbi, UniSant’Anna e rádio Oficina. Também dá palestras no Senac e faz assessoria para outros profissionais da área. E para atender a demanda internacional, trabalha no estúdio que montou em casa. “A Warner da Argentina manda o texto em espanhol, por e-mail, traduzido para o inglês e português. Gravo dentro das informações que eles passam, se é drama ou comédia, tom alto ou baixo”, explica. A maioria de suas locuções é produzida em casa.
Segundo o locutor, para trabalhar com a voz é necessário ser versátil. “Sou um produto. Tem dias que faço voz séria e tem dias em que preciso imitar um carrinho. Também tenho de ter bom ouvido e um senso de direção”, finaliza. Casado com Patrícia Herrera Versolato, com quem teve Gabriel (15) e Beatriz (13), quando sobra tempo gosta de assistir a filmes, ouvir música e rádio norte-americana, praticar exercícios e viajar.

Debrê cede sua voz para o canal The History Channel. Foto: Claudinei Plaza

Gilberto Debrê

Gilberto da Silva, o Debrê, 50 anos, é carioca e morou por nove anos em São Bernardo. Durante sua trajetória profissional atuou em diversas rádios mas, ao contrário de Versolato, nunca pensou em se tornar locutor. Quando garoto, seus amigos falavam que tinha ‘voz de trovão’, mas ele jamais imaginou que isso poderia virar profissão. Tanto que trabalhou como desenhista de estruturas metálicas e estudou Administração com especialização em Marketing até os 26 anos.
Só que em 1987 iniciou o curso de Radialista no Senac por indicação de um amigo. Resultado? Apaixonou-se pelo ofício. Dois anos depois já trabalhava na Energia 97 FM, em Santo André. Também passou pela rádio Diário AM 1300 e, segundo ele, foi nessa estação que aprendeu de verdade. “Além de apresentar o programa, ser comunicador, exercer o jornalismo, eu gravava chamadas e comerciais. A rádio AM é uma grande escola, onde realmente se aprende.” Foi nesta época que ganhou o apelido Debrê, incorporado ao nome profissional.
Na década de 1990, foi para a extinta rádio Excelsior, que se tornou a CBN e ficou quatro anos e, em seguida, foi para a rádio Capital. Saiu das ondas do rádio e foi para TV em 2007, no Canal Mundo, que depois se dividiu em A&E, The History Channel e o The Biography Channel.
O locutor também já atuou em comerciais como os da Volkswagen, HSBC e Revista Época. Entre os trabalhos mais importantes, ele aponta o programa Popstars, do SBT (2002 e 2003). A apresentação lançou as bandas Rouge e Br’oz. “Foi o que mais gostei de fazer. Teve sucesso e picos de 17 pontos de audiência”, lembra.
No ano passado, participou do programa O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, do mesmo canal. Atualmente cede sua voz para documentários e chamadas do The History Channel e Discovery. Também é possível ouvir seu trabalho no canal Investigação Discovery, na série Na calada da noite.
Assim como Versolato, Debrê possui o estúdio em casa, mas apenas para emergências. “Com o trânsito caótico, às vezes é necessário ficar em casa. As produtoras pedem o Home Studio para qualquer urgência”, finaliza. Casado com a jornalista Maria Fernanda Mungai Escorse, tem um filho que registrou com ‘sua assinatura’ profissional Gilberto Debrê, 21 anos.




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