Paixão pela arte

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Isadora Almeida

José Loreto iniciou carreira de ator na novela Malhação da Rede Globo. Foto: Sergio Santoian/Divulgação

 Os traços fortes e olhos claros são marcas registradas desse ator exótico. “Exótico, para não dizer estranho”, brinca José Loreto, 29 anos. Nascido em Niterói, o intérprete definiu o que seria da vida quando realizou intercâmbio para os Estados Unidos, aos 19 anos. Assim que pisou em Hollywood, cidade com indústria cinematográfica de referência mundial, repensou o curso de Economia que fazia na PUC do Rio de Janeiro e decidiu mudar. Se apaixonou pela arte. “Foi minha válvula de escape, porque não estava feliz no curso e meus pais não me apoiavam fazer Artes Cênicas. Manifestei minha vontade e eles pediram para eu voltar”, recorda. Como não havia maneiras de proibição, Loreto regressou e foi a fundo atrás de seu desejo.
De primeiro momento, levou Economia em paralelo com o teatro profissionalizante. Como não havia recursos para custear tudo, tentou renda extra com modelo. Ingressou em uma agência onde fazia trabalhos publicitários, mas sem deixar de lado o sonho de ser ator, seu real objetivo. E, enfim, o primeiro trabalho veio.
Em 2005, Loreto participou do teste para a novela Malhação, da Rede Globo “Me preparei como se fosse o teste da minha vida, fui para a final com mais um menino e consegui o papel”, comemora o artista, que ficou duas temporadas no folhetim vespertino. Após este trabalho, teve um hiato na carreira, já que ficou cinco anos longe da Globo. Não considera, no entanto, o período perdido. “Foi durante este tempo que me formei em cinema e teatro. Tenho um grupo (Aposta 6) e fizemos muitas peças no Brasil”. Também participou da novela Os Mutantes, da Record, e depois fez participações na Globo, no seriado Macho Man. Foi com este trabalho que ganhou visibilidade para conseguir o teste em Avenida Brasil, onde ganhou, talvez, o papel mais importante até então: o popular Darkson.
Loreto lembra que assim que leu o texto para o teste e soube que o personagem seria um vendedor, começou a estudar. Foi até a Saara, rua de comércio carioca parecida com a 25 de Março, para se preparar. “Documentei, filmei, entrevistei e até trabalhei de verdade na Saara. Quando um rapaz saía para o horário de almoço, eu ficava atendendo para pegar vivência”, recorda. Sentindo-se pronto e inspirado, soube desde o início que o papel seria dele. Estava certo.
Darkson fez tanto sucesso que logo que acabou Avenida Brasil o rapaz ganhou outro papel, o inocente Candinho, de Flor do Caribe. “Personagem ímpar, puro. Tinha a alma infantil”, explica o intérprete. Como a história se passava no Rio Grande do Norte, Loreto teve de fazer aula de prosódia para aperfeiçoar o sotaque local. O desafio foi maior, inclusive, porque Loreto atuou junto com a cabra, que se chamava Ariana. Foi uma missão e tanto. “Ela não senta igual cachorro. Às vezes estávamos em cena, ela empacava e queria fazer as necessidades em mim. Mas foi muito bom porque pude improvisar, principalmente quando ela fazia um ‘bé’ no meio da gravação”, lembra.
Com o fim da novela, o ator aproveitou a brecha na agenda para viajar pela Europa, junto de sua namorada e também atriz, Débora Nascimento. Logo após o descanso, emendou as gravações para o programa Amor & Sexo, da apresentadora Fernanda Lima, onde é júri. “Aquele programa é uma delícia”, menciona.
Apesar de ter alcançado o tão almejado sucesso, ele acredita que ainda não se firmou na Rede Globo. Admite ter dificuldade em ser escalado por conta de seus traços diferenciados “Novela tem isso. Por causa da idade, não dá para fazer nem um jovem nem um adulto. Além disso, é custoso encontrar uma família que eu seja parecido, mas agora que já fiz trabalhos de grande visibilidade, isso diminui um pouco”, presume.
Com apenas oito anos de trajetória, o desejo do artista é interpretar um antagonista. “Seria um presente representar um vilão, mas também quero fazer personagens com conflitos. Isso dá história e desenvolve o papel”. Loreto revela que já surgiram convites desde que atuou como Darkson, mas com as gravações para TV ficava difícil conciliar a agenda. “Meu sonho é fazer filmes, porque estudei cinema. Já escrevi roteiro e participei de curtas, mas quero fazer ‘o’ longa. Sei que cinema é uma portinha fechada, mas um dia vou colocar meu pezinho lá e as portas vão se abrir”, idealiza.
Com a fama, o que mais se orgulha é de ser reconhecido no País. Para ele, não há sensação melhor do que andar pelas ruas e se deparar com fãs, que pedem fotos e autógrafos. É claro que nem tudo são flores e a perda de privacidade é algo que incomoda um pouco. Tem de deixar de fazer o que gosta, como ir ao cinema em dias de estreia. Mas frequenta as telonas mesmo assim e escolhe o dia mais vazio: segunda-feira.
O carioca, apesar de ter estudado em escola católica, não tem religião definida e brinca ser “loreteano”. Também não aponta arrependimento na carreira e acredita que tudo aconteceu no tempo certo “Se me perguntasse antes, eu ficava questionando por que não estava acontecendo para mim. Mas se fosse em outro momento, poderia não estar tão preparado como me sinto hoje”, acrescenta.

O ator começou a se envolver com Débora Nascimento no final de Avenida Brasil. Foto: Celso Luiz

Na intimidade


Caseiro, o ator confidencia que parece mais velho do que a idade que tem. Não gosta de sair para a ‘noitada’. Também se considera pouco vaidoso, cuida do corpo apenas praticando exercícios, mas não os faz com esse objetivo e sim porque gosta. Loreto também é faixa preta em judô.
O único problema de saúde é a diabetes tipo 1, que descobriu quando tinha 15 anos, porque urinava com frequência e bebia bastante água. Por conta disso não pode acordar tarde, já que tem horário para aplicar insulina. Sua enfermidade é caracterizada por incapacidade do pâncreas em produzir insulina, hormônio que retira a



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