Universo Criativo

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Isadora Almeida

DI CAPRIO

Leo di Caprio participa esse ano da Casa Cor Chile. Foto: Andréa Iseki

Apesar do nome, que remete a eterno galã de Titanic, o andreense Leo Di Caprio, 36 anos, nunca enveredou no ramo das artes cênicas. Graduado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco aos 22 anos, o designer percorreu diversas nações antes de deixar a mente viajar pelo mundo dos projetos de interiores. Chegou a atuar no meio jurídico por um ano e meio até decidir largar tudo para ir a São Francisco, na Califórnia, visitar o irmão. Na ânsia de buscar atividades novas, cursou duas semanas de gastronomia e seis meses de fotografia, em 2002. Depois, decidiu ir a Milão para se aperfeiçoar no idioma. Foi quando resolveu aprender design de interiores no Instituto Europeu por um ano, além de História da Arte.
De volta ao Brasil, advogou por mais um ano, mas percebeu que não era o ofício que queria. “Abandonei o Direito de vez e saí com a minha caixa nas mãos.” Nesse mesmo dia, um amigo o indicou para realizar seu primeiro projeto. O cliente era um executivo sul-africano que iria morar em um espaço de 400 m² na Barão de Caparema, em São Paulo. Com carta branca e orçamento ilimitado, Leo considerou o trabalho um ‘presente do universo’ para dar o start em sua carreira. Cursou novamente na Escola Pan-Americana de Arte e frequentou algumas aulas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo). No começo, fez sociedade com uma amiga, que conseguiu alguns apartamentos em Alphaville para decorar. Em cerca de um ano, conquistaram dez clientes. Depois, Leo seguiu carreira solo. Em uma sessão de terapia, lembrou que, quando pequeno, gostava de desenhar camas, mesas e outros móveis em cima de anúncios de jornais.
Em 2011, já estabelecido na profissão, recebeu o convite de participar da Casa Cor São Paulo, quando recebeu o prêmio Casa Cor Trio de projeto mais original com o ambiente Casa Office. “Foi uma satisfação saber que estava no caminho certo com este reconhecimento público”, revela o designer, que se identifica com o estilo contemporâneo e gosta de criar projetos que levem as pessoas a pensar.
Além de integrar a mostra paulistana há três anos, Leo Di Caprio participará pela segunda vez da Casa Cor Chile, que será aberta oficialmente no dia 3 de outubro.
 

Gisele Pacheco e seu filho Thomaz acabam de pendurar a 11º obra de arte vendida. Foto: Tiago Silva

OMA

Gisele Pacheco, 52, sempre morou em São Bernardo e, assim como Di Caprio, demorou para descobrir seu talento. Apesar da aptidão inata para a arte, seu maior projeto era a maternidade. Casou-se aos 17 anos e se dedicou à família desde então. Chegou a cursar Pedagogia, mas quando engravidou de sua primeira filha, resolveu trancar a matrícula. Passou 20 anos cuidando apenas dos filhos e do lar. Mas acabou entrando em depressão quando percebeu que seus rebentos estavam adultos e já não precisavam mais das atenções maternas. Resolveu, então, estudar e exercer alguma atividade, o que abalou a relação com o marido. Mesmo assim, Gisele optou por encarar a vida: fez designer de interiores no Senac e, aos 40, ingressou no curso de arquitetura da Universidade Anhembi Morumbi. “Enfrentei na boa, mas lógico que com dificuldade financeira, pois nunca havia pagado uma conta na vida. Era totalmente dependente do meu marido”, diz a consultora da recém-inaugurada OMA Galeria, em São Bernardo, que estudou escondida da família por seis meses. “Estava há quase 25 anos sem estudar. Fiz o vestibular e passei. Estudei firme, à noite, e trabalhava de dia fazendo o curso técnico e pegando algumas poucas obras.”
Atualmente com 13 anos de carreira, a arquiteta acredita que batalhou bastante e que conseguiu consolidar seu nome no Grande ABC, a ponto de receber prêmios do Polo de Design.
Gisele e seu filho Thomaz sempre foram ligados à arte. Quando ela sentiu urgência de abrir um negócio relacionado a decoração, ele comprou a ideia de pronto. Optaram por uma galeria de arte porque Gisele sentia dificuldade em encontrar obras de arte para finalizar seus projetos. Segundo ela, a OMA é importante para a região, que não possui outras galerias do gênero, mas os brasileiros ainda são leigos no entendimento de arte. “Gastam R$ 5.000 em uma torneira nova, mas consideram absurdo desembolsar este valor por uma obra. São realidades que chocam. Falta cultura.”
Inaugurada em 11 de junho, a OMA visa fazer com que as pessoas aprimorem o olhar e valorizem a arte. “Tem o Henrique Belloti, que trabalha comigo há cinco anos. Ele começou cedo e acho seus trabalhos fantásticos. Queria investir nele quando decidi abrir a galeria. Mas não podia trabalhar só com um artista: cada um tem um olhar; cada ambiente necessita de algo diferenciado.”
A OMA sobrevive das vendas das obras e a profissão de Gisele ajuda na comercialização. “Aquilo que você tem convicção e passa aos outros faz com que eles comecem a admirar. Mesmo assim, ainda vai levar tempo para as pessoas se conscientizarem. Gostar do artista não é simplesmente comprar um quadro, é segui-lo ao longo de sua trajetória e ver como evolui. É o que estamos tentando fazer.” A galeria conta com seis artistas exclusivos. E apesar de nova, acaba de vender a 11ª obra. O quadro mais econômico custa cerca de R$ 1.000 e o mais valioso tem preço estimado em R$ 8.000. Na inauguração, escolheram Felipe Bertarelli com a exposição Não de Mim, na qual o fotógrafo capta cenas das ruas de São Paulo.
O estabelecimento foca em quadros, mas quem realiza outros estilos de arte dentro do contexto também pode integrar a equipe. No dia 6 de agosto, a galeria trocará a exposição para uma série com quatro artistas, onde todos retratarão apenas desenhos. Como no início do casamento, Gisele agora tem outro ‘bebê’ para cuidar com esmero.

 




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