Até dormindo, os nossos ouvidos continuam trabalhando. Já parou para pensar nisso? Com a evolução da tecnologia, o estilo de vida da população mudou bastante. Agora, nossos ouvidos estão sempre recebendo algum estímulo e poucos são os momentos em que há silêncio total para dar um descanso a eles. 

O uso constante de fones em volume alto ¬- assim como celulares, música no carro, barulhos de trânsito, obras e demais ruídos urbanos - colocam a nossa saúde auditiva em risco. Por estarmos cada vez mais conectados, muitas vezes não percebemos o quanto a audição fica exposta a níveis sonoros intensos, o que pode ser nocivo. 

Cuidar dos ouvidos é tão importante quanto qualquer exame de rotina. Poucos sabem desta necessidade, mas as estatísticas preocupam. De acordo com o Censo 2010, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de pessoas com deficiência auditiva, que no ano 2000 era de aproximadamente 6 milhões, saltou para quase 10 milhões hoje.

Um agravante é o fato de a perda auditiva ser irreversível e, em média, as pessoas levarem sete anos entre detectar o problema e iniciar tratamento. Infelizmente, os prejuízos não se limitam à audição, mas à saúde em geral, com o desenvolvimento de doenças como depressão e estresse, pois a audição influencia diretamente na qualidade da vida cotidiana.

Para quem ainda não se convenceu de que o estilo de vida realmente interfere na saúde auditiva, segue um alerta: o limite de exposição a um som de 85 dB (decibéis) - o equivalente ao barulho do trânsito de uma avenida movimentada - é de até oito horas. Porém, é comum ultrapassarmos este nível, pois um aparelho MP3 chega a 120 dB. 

Diante da constante exposição a volumes elevados de ruído, medidas de prevenção são essenciais para manter a audição saudável: respeite intervalos de repouso sonoro quando a exposição a altos níveis de intensidade é constante; use protetores auditivos quando recomendado, principalmente em locais de trabalho que causam risco à audição; e controle o volume do seu MP3, TV ou som do carro.

Fonte: Shutterstock

* Talita Donini é fonoaudióloga, mestre em fonoaudiologia pela PUC-SP, gerente de produto para adaptação pediátrica e projetos especiais da Phonak do Brasil e responsável pela Iniciativa Hearthe World no Brasil.