A polêmica dos transgênicos

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Dra. Alessandra Paula Nunes

Fonte: Shutterstock

Alimentos transgênicos são provenientes de pesquisas laboratoriais com a utilização de partes do código genético de animais, vegetais ou micróbios. Nos últimos anos, essa técnica passou a ser utilizada com maior frequência, e isso tem gerado algumas polêmicas. A ideia de produzir alimentos transgênicos nasceu quando se pensou na sustentabilidade e erradicação da fome, mas essa bandeira inicial acabou se tornando apenas promessa. Com o tempo, o conceito passou a ser aplicado apenas para gerar lucros, e não para fins filantrópicos, até porque o problema da fome não se extinguiria somente com uma superprodução de alimentos.

Sabemos que a produção de transgênicos é interessante porque eles são mais resistentes a pragas e, portanto, têm maior durabilidade. As sementes têm seu material genético alterado: são feitas em laboratórios e projetadas para se tornar invulneráveis à ação de pestes que atacam normalmente as lavouras. Isso traria grandes avanços aos agricultores, que não teriam mais tantas perdas e não precisariam usar agrotóxicos (o que seria muito bom para o meio ambiente). 
Os pontos negativos ainda são inconclusivos. Por exemplo, não temos nenhuma pesquisa que comprove que os transgênicos causam câncer, assim como também não temos dados conclusivos de que esses alimentos interfiram no crescimento de tecidos ou qualquer outra característica que possa ser associada à doença. Também não temos pesquisas indicando que os transgênicos causem alergia. Pelo contrário: especialistas afirmam que um dos grandes cuidados na produção dos transgênicos é o uso de proteínas que têm menor probabilidade de causar alergias, excluindo-se, por exemplo, o uso de proteínas do leite ou frutos do mar. 
Porém, não podemos deixar de pensar que, a longo prazo, não sabemos se eles podem ou não trazer riscos à saúde. A grande polêmica ainda reside no fato de os alimentos transgênicos serem mais vantajosos que os orgânicos. De acordo com cientistas, os transgênicos possuem mais benefícios nutricionais que os orgânicos, pois é possível acrescentar em sua constituição nutrientes como proteínas ou ácidos graxos essenciais, a exemplo do Ômega 3, amplamente adicionado à soja.
Com relação aos preços, a tendência é que os transgênicos sejam mais baratos do que os convencionais, já que o custo do manejo é menor. Consequentemente, os gastos com plantio diminuem e isso acaba sendo um atrativo para o bolso do consumidor.
Mas como saber se estamos consumindo um alimento transgênico?
De acordo com o decreto federal 4.680 publicado em 2003, alimentos que tenham em sua composição mais de 1% de organismos geneticamente modificados devem ter no rótulo um triângulo amarelo com um T no centro.
O governo federal mantém-se atento à produção dos transgênicos no Brasil (que já está em segundo lugar no ranking mundial, só perdendo para os Estados Unidos). Desde 2005, foi criado o Conselho Nacional de Biossegurança. A soja e o milho são hoje os principais alimentos transgênicos produzidos em solo verde-amarelo, todos devidamente registrados e aprovados pelo Conselho Nacional depois de serem devidamente analisados em termos de segurança alimentar. 
O que sabemos com certeza é que a produção de transgênicos será cada vez mais comum em todos os países, talvez pela tentativa de atender à demanda crescente da população. Mas as pesquisas ainda engatinham fazendo com que um ponto de interrogação ronde o imaginário das pessoas. Afinal, comer ou não comer? Se a opção for por não comer, até quando podemos ficar distantes desses alimentos?
 
* Dra. Alessandra Paula Nunes é nutricionista com especialização em Nutrição Clínica e mestre em Cardiologia. 
 



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