De olho na Copa

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Beto Silva

Auricchio gasta metade do dia se dedicando a assuntos relacionados à Copa. Foto: Andrea Iseki

Sessenta e quatro anos depois da primeira Copa do Mundo de futebol no Brasil, realizada em 1950, cartolas e políticos suam a camisa fora de campo para garantir o sucesso do segundo Mundial em território tupiniquim. Nessa seleção, que atua à parte das quatro linhas, há um filho do Grande ABC: José Auricchio Júnior (PTB), secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude. O petebista é um dos integrantes do Comitê Paulista (São Paulo é uma das 12 sedes da competição), responsável por articular as ações necessárias para a concretização do megaevento, que já é, um ano antes de a bola rolar, o mais lucrativo de todos os 19 torneios da história, com receita de R$ 4,1 bilhões entre venda de direitos de televisão e contratos de publicidade - o dobro do promovido na Alemanha, em 2006, e R$ 800 mil a mais do que o último, na África do Sul, em 2010.

Nascido em São Caetano, Auricchio tem trabalhado, em média, 12 horas por dia na Secretaria Estadual de Esporte. Metade desse tempo é destinada a assuntos relacionados à Copa. São reuniões e compromissos oficiais com autoridades da alta realeza dos gramados, como o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin; o comandante da FPF (Federação Paulista de Futebol), Marco Polo Del Nero; e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, além de agentes da Fifa (Federação Internacional de Futebol), que promove o Mundial.
Sobre essa rotina e a relação estreita com figurões do esporte brasileiro, o petebista afirma que tem aprendido lições importantes. Quando prefeito de São Caetano por dois mandatos (2005 e 2012), mais ensinou. “É um mundo que sempre admirei, gosto muito de futebol. É muito bacana, engrandecedor. Conviver nesse meio como novato me traz bagagem que eu não teria se não estivesse nesse posto. Estou mais aprendendo do que ensinando, todos os dias. É experiência única”, analisa.
Uma das lições é deixar a paixão clubística de lado. E, nesse quesito, há um ponto a ser destacado: é palmeirense e trabalha para, entre outras coisas, organizar a abertura da Copa do Mundo na Arena Corinthians, em Itaquera. “Somos profissionais do esporte. Não dá para conviver com paixão. Ainda mais como meu time está (risos). Tomara que no ano que vem melhore. Paixão pelo time vai haver sempre, mas não dá para levar isso no dia a dia. Se não, era melhor ser conselheiro do clube”, frisa Auricchio.
Aliada à consciência em que a razão fala mais alto do que a emoção, a série de compromissos relacionados à Pasta e ao Mundial não deixa o secretário pensar em outra coisa. “Tenho uma agenda complicadíssima.” Somente no calendário oficial da Secretaria são 150 eventos anuais. Um a cada três dias, que envolvem preparação, execução e participação. Para dar conta, reuniões à noite e de fim de semana.    
E as atribuições exclusivas da Copa do Mundo tendem a aumentar a cada semana. Viagens ao Interior – “já conhecia relativamente bem o Estado, mas agora com mais profundidade” –, vistorias e encontros com prefeitos e deputados que querem incentivos às suas regiões são cada vez mais constantes. 
A Secretaria de Esporte também está responsável pela organização das atividades complementares do torneio, que ocorre de 12 de junho a 13 de julho de 2014. As fanfests (festas para os fãs entrarem no clima do campeonato e, no dias dos jogos, espaços oficiais para exibição pública das partidas) já estão sendo pensadas. Só para a parte de comunicação, que ficará a cargo de Auricchio, o Estado vai liberar cerca de R$ 50 milhões. E aqui entra um desafio para o gestor. “Temos de trazer o Interior para dentro da Copa. Os mais de 40 milhões de paulistas têm de estar envolvidos.”
Pensa que parou por aí? Não, vai ter mais: o secretário estará na Copa das Confederações, de 15 a 30 de junho, realizada em seis sedes pelo Brasil, para ver de perto o funcionamento e a estrutura da principal competição preparatória para o Mundial do ano que vem. “Estarei na abertura, no encerramento, nos congressos... É o principal observatório”, relata o petebista, ressaltando que um grupo de profissionais de seu setor acompanhará a competição para também adquirir experiência.
Depois disso, o petebista vai visitar cada uma das cerca de 40 cidades candidatas a subsede, entre elas duas do Grande ABC: São Bernardo e São Caetano. Santo André saiu da lista, mas apresentará novamente seu projeto e terá outra chance.
 
INCENTIVO
 
A principal ferramenta da secretaria para fomento da Copa em São Paulo é a Lei Paulista de Incentivo ao Esporte. Funciona da seguinte forma: as prefeituras buscam empresas para serem parceiras em projetos de melhorias em centros de treinamento, estádios, unidades médicas. Ao invés de as companhias pagarem ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ao Estado, usam a verba para pagar diretamente as reformas e revitalizações dos espaços pretendidos. O edital para as inscrições dos projetos será lançado até outubro. “É capitação de recurso direto, dinheiro puro na veia”, comenta o titular. 
 
POSSIBILIDADE
 
Auricchio está otimista para que um dos municípios da região seja escolhido por alguma seleção para se hospedar e treinar durante a Copa do Mundo. Serão quatro equipes que jogarão em São Paulo. O sorteio dos grupos ocorre em dezembro. A partir daí, as delegações, que já visitaram algumas cidades para observar os atrativos, decidem onde ficarão.
“Pelo que tenho visto em relação a outros centros do Estado, o Grande ABC está em alto nível de preparo para ser escolhido. Também há, por parte das delegações, em conversas com os municípios, acordos de confidencialidade, que são promessas de melhorias em determinados pontos”, afirma.
Sobre a rede hoteleira não ser tão grande na região, o petebista salienta que não há nenhum outro grande polo no Estado. “Não é


Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados