Doce equilíbrio

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Raquel de Medeiros

Atriz se desdobra em muitas para ser mãe, esposa e ainda se manter em ponte-aérea para dar continuidade à carreira de atriz.

Ela é ligada nos 220 volts, como dizem. Tem energia mais do que de sobra para dar conta de uma rotina de tirar o fôlego. É do tipo mãezona que faz questão de estar junto no crescimento das filhas. É aquela que ama, que gosta de cuidar, que dá o jeito que pode para estar com o marido e grande amor da sua vida, mesmo que tenha  de abrir mão de planos pessoais. É aquela que pensa no todo, mas não esquece dos próprios sonhos. 

 
Além de ser mãe de Isabella e Laura e esposa do cantor Jair Oliveira, Tânia Khalill, ainda arruma tempo para dar vida à personagem Ayla, da novela global Salve Jorge, que a obriga estar em ponte aérea constante, entre Rio de Janeiro e São Paulo, onde mora. A rotina difícil, porém, não desanima, muito pelo contrário. Como ela consegue? Nem a própria sabe. Mas é nesse equilíbrio, mesmo que um tanto desmedido, é que dá sentido pra vida dessa mulher linda, de sorriso marcante. “É um grande malabarismo, às vezes, me sinto uma macaca de circo (risos). Mas acho que hoje em dia só tem graça assim. Um dia, quando não tiver um destes elementos, vou ter que repensar. Calmaria para mim não tem graça, mas que é uma batalha, é”, diz a atriz.
 
Inusitadamente, na televisão, Tânia dá vida à submissa Ayla, uma mulher turca sem grandes expectativas, justamente seu oposto. Para fazer uma personagem de um mundo tão diferente, a atriz viajou, mergulhou na cultura turca, conheceu mulheres, trocou experiências. Tânia não acha difícil compreender culturas tão diferentes, onde a mulher ainda acredita que o melhor que pode conseguir na vida é um bom casamento. Para entender o outro lado ela usa também de muita observação e sensibilidade. “Eu, como psicóloga, acredito que o meio faz o indivíduo também. Como diria Lamarck, a gente é produto do meio. Não é tão discrepante para quem vive alí, para elas é comum, mas é estranho para a mulher que vê de fora”, afirma. 
 
E, apesar de ter espírito de mulher moderna, a atriz acredita que homens e mulheres têm grandes diferenças e não vale a pena se equiparar. O bom é cada um no seu galho, com suas características e habilidades, sem comparações. “A gente quer que eles ‘abram a lata’, mas que também paguem a conta e dêem de mamar. A gente fica querendo mudar o outro. Se a gente quiser que mudem, vai ficar brigando eternamente”, opina.
 
Deve ser por essa facilidade que tem em compreender e se colocar no lugar do outro que ela consegue levar de forma tão harmoniosa o casamento com  o cantor Jair Oliveira, há sete anos. Tanto que, na maioria das entrevistas que dá, o assunto sempre volta ao mesmo tema.  
 
Tânia deixa claro que a família está em primeiro lugar e que, inclusive, já abriu mão de trabalhos por Jair. “Claro, a gente faz sempre. Casamento é assim, um dá lá outra dá cá, não tem nem como ser diferente.” E diz que não se arrepende das decisões. “O que decidiu está decido, era pra que a gente fosse feliz, para que flua.” Apesar de ser flexível, conta que não suportaria ter de parar de trabalhar. “O trabalho é muito importante pra minha vida. Se fosse algo que eu realmente pudesse deixar de fazer em prol de um bem maior, em ficar junto, manter estabilidade, claro que faria, mas se fosse algo que quisesse muito fazer ia fazer de tudo para conciliar isso.”
 
Um lugar ao sol
 
Conseguir um lugar de destaque numa novela global, no entanto, não foi fácil. Foi necessário persistência, trabalho e um pouco de sorte. “Valorizo muito porque fui muito atrás do que queria. Não conhecia ninguém e através do estudo consegui alcançar. Teve também sorte, mas deu certo porque estava pronta para poder aproveitar esse momento de sorte.”
 
Através do curso de fez com Wolf Maia, pode participar de um teste na TV Globo. “Sou eternamente grata.” Tânia acha que a formação em ballet clássico ajudou para que conseguisse o papel da passista Nalva em Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva, seu primeiro destaque.  “Com certeza ajudou. Eu nunca tinha sambado, mas foi mais fácil de aprender.”
 
Em Salve Jorge, ela conquistou não só mais um papel importante para o currículo, como também fez bons amigos. “Acabo me aproximando mais dos pares. Nesta novela tem pessoas que vão continuar como meus amigos na vida, como a Beth Goffmann, o Domingos (Montagner), que é grande amigo, e o Thiago Abravanel.”
 
Saudade: sentimento difícil
 
A vida dela parece daquelas que todas queriam ter: um marido bonito e bem sucedido, filhas maravilhosas e saudáveis, sucesso na carreira. Mas é claro que nada vem de graça. Tem que lidar com chegadas e partidas, correria e muita saudade. “Eu gosto disso, é o que busquei, procurei, se não fosse assim eu iria estar deprimida. Mas é difícil, claro que é, dosar emoções, tempo para estar junto, para exercer a maternidade.”
 
 O amor é a saída. Como ela diz, dar muito amor a ponto de, nos momentos que não estão juntos, aquele amor, aquele respeito e todos outros valores possam estar instaurados, sólidos. “Às vezes, as minhas amigas falam: ‘caraca, como você dá conta?’ Eu não sei, mas a gente faz. Tem que amar muito e acreditar que é o caminho. Minha mãe diz ‘vai em frente’.”
Tânia e Jair se conheceram por obra do acaso. Ela foi encontrar uma amiga num bar em São Paulo e, coincidentemente, ele estava tocando ali. “Não sabia, nunca tinha ido ali. Era pra ser.” 
 
“Se eu disser que ele não me conquistou pela música, pela poesia, pela delicadeza dele, capacidade de envolver é mentira”, diz Tânia Khalill. Também não podia ser diferente. Jair tem músicas com letras pra lá de sensíveis, várias delas feita especialmente para a atriz, como Bom Dia, Anjo, que foi a primeira. 
 
Pra suportar a distância, o jeito é cuidar do relacionamento a cada dia, seja perto ou longe. “Qualquer coisa que queiramos que dure precisa ser cuidada. Naturalmente, o relacionamento exige cuidado, a


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