A arte de alimentar os filhos no primeiro ano de vida

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Dra. Alessandra Paula Nunes

É necessário que a criança tenha uma dieta balanceada e saudável para p crescimento e a formação de ossos e dentes. Foto: Divulgação

A preocupação com a amamentação sempre ronda o universo feminino, seja das mães de primeira viagem ou das que já tem certa experiência. Será que meu leite é suficiente? Será que meu leite é fraco? Será que eu preciso complementar as mamadas?

 
Já é consenso mundial que o leite materno é o mais completo alimento para os bebês até os seis meses de vida, ou seja, nesse período, não há necessidade de complementar a alimentação com nenhum outro alimento ou líquido. Porém, com as mudanças de comportamento das mulheres, que cada dia mais cedo retornam ao trabalho, é comum que a amamentação seja interrompida precocemente e que a introdução de novos alimentos, principalmente outros tipos de leite, aconteça cada vez mais cedo. Será que o organismo do bebê está preparado para isso? 
 
Há que se considerar que a composição nutricional do leite de vaca é muito diferente do leite materno. Enquanto o leite materno possui proteínas em quantidades adequadas e de fácil digestão, água suficiente para hidratação, propriedades anti-infecciosas, fatores de crescimento, gordura em quantidades ideais para o organismo infantil, ferro em pouca quantidade, mas de boa absorção,vitaminas e minerais em quantidades adequadas; o leite de vaca possui proteínas em quantidades excessivas e de difícil digestão, gorduras em níveis altos para o organismo infantil, ferro em pequena quantidade e de má absorção, excesso de minerais causando sobrecarga renal, pouca água e não possui propriedades anti-infecciosas e nem fatores de crescimento. Além disso, é por intermédio da introdução de outros tipos de leite que a criança é exposta precocemente a diversos sabores e aromas, dependendo da maneira que o alimento é oferecido para a criança. Tem aquelas mães que insistem em colocar o açúcar, outras que adoram colocar um achocolatado. Pois bem, a criança só aprende a gostar do açúcar a partir do momento em que é apresentada para ela. Cria-se assim o início do ciclo vicioso do doce.
 
Nos primeiros 12 meses é importante evitar o mel, a farinha de trigo, a clara do ovo, os refrigerantes, sucos industrializados, doces em geral, balas, chocolate, sorvetes, biscoitos recheados, salgadinhos, enlatados, embutidos como salsicha, lingüiça, mortadela e presunto, frituras, café, chá mate e chá preto. Estes alimentos são ricos em gorduras, açúcar, conservantes ou corantes e podem comprometer o crescimento e desenvolvimento, além de aumentarem o risco de alergias e doenças como obesidade e carências de vitaminas e minerais. 
 
As fórmulas à base de leite de vaca modificado e soja podem ser oferecidas ao bebê quando o leite materno, por algum motivo, é impossível de ser ofertado. No entanto, é imprescindível que médicos e nutricionistas acompanhem a evolução do peso e crescimento da criança, além de monitorar diversos fatores importantes para a saúde.
Não se aconselha oferecer leite de vaca não modificado, principalmente quando cru e puro, a menores de um ano,pois o seu uso está associado à perda de sangue pelas fezes e consequentemente à deficiência de ferro, gerando anemia.
 
O que fazer quando a criança é intolerante à lactose?
 
É difícil ocorrer a intolerância em bebês e quando isso ocorre normalmente é uma condição passageira. Bebês que nasceram prematuros às vezes demoram em produzir a quantidade adequada da enzima responsável por digerir a lactose, mas essa condição se normaliza em pouco tempo. O leite materno também possui lactose, porém em pouca quantidade, assim, as mães podem continuar amamentando sem problemas. Entretanto,é aconselhável que a mãe elimine da sua própria dieta os alimentos lácteos como queijos, iogurtes e o leite de vaca, temporariamente.
 
Quando a intolerância é detectada em crianças, é necessário avaliar o grau dessa intolerância, pois a maioria das crianças é capaz de tolerar alguma quantidade da substância. Essas crianças ficarão bem com uma dieta com baixa quantidade de lactose, podendo consumir iogurtes e queijos, tirando da dieta somente o leite. 
 
Felizmente hoje em dia, há muitos produtos com baixa quantidade de lactose disponível no mercado, além das versões a base de soja, onde o leite de vaca é totalmente substituído pela proteína derivada da soja. Mas lembre-se: leite e derivados são fontes de nutrientes essenciais, por isso é necessário que a criança tenha uma dieta balanceada e saudável, evitando-se carências de vitaminas e minerais, principalmente de cálcio, que é muito importante para o crescimento e a formação de ossos e dentes.
 



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