Por um sono tranquilo

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Daniela Campi

Dose de vinho tinto no fim da tarde pode ajudar a combater insônia  Foto: Divulgação

Dormir bem é fator imprescindível para o bom funcionamento metabólico do organismo. No entanto, a cada dia cresce o número de pessoas com distúrbios do sono. Estudos já apontam que cerca de um terço da população adulta do mundo dorme menos de seis horas por noite. As razões são diversas: aumento da jornada de trabalho, preocupações de ordem pessoal e financeira, internet e até mesmo algumas deficiências nutricionais. Nas últimas décadas, as pesquisas têm avançado muito neste campo e já demonstram haver paralelo entre os distúrbios do sono no metabolismo neuroendócrino e o desenvolvimento de doenças como obesidade, diabetes, síndrome metabólica e problemas cardiovasculares.

 
São muitos os fatores que podem contribuir para uma noite mal dormida, como luminosidade do ambiente; hiperatividade mental noturna; alimentação em excesso e tarde da noite; consumo de álcool e ingestão de alimentos estimulantes (café, chá, chocolate, refrigerantes à base de cola etc) antes de ir para a cama.  Quanto ao aspecto alimentar, alguns estudos aprofundam a modulação nutricional adequada para garantir uma boa noite de sono. O que se busca, em geral, é oferecer ao paciente que está lutando contra a insônia um tratamento nutricional que o ajude neste processo, proporcionando adequada síntese de serotonina e sua conversão em melatonina – que em baixos níveis no organismo pode desencadear a insônia.
 
Algumas pesquisas apontam a importância do triptofano como aliado na luta pelo melhor sono, já que se trata de aminoácido essencial, utilizado pelo cérebro – juntamente com a vitamina B3, a niacina (ou niacinamida) e o magnésio – e que ajuda na produção da serotonina, neurotransmissor importante nos processos bioquímicos do sono e do humor. No entanto, é importante ressaltar que, embora o triptofano eleve os níveis de serotonina, seu consumo na forma de laticínios, peixe e carne, por exemplo, não exerce efeito significativo sobre a produção de serotonina junto ao sistema nervoso central. Isso ocorre porque o triptofano não é o único aminoácido presente nesses alimentos. Assim, há uma ‘competição’ com outros aminoácidos na absorção e a maior parte do triptofano presente na comida não é utilizada.
 
Diferentes estudos confirmam que os alimentos ricos em Ômega 3, como peixes em geral – especialmente salmão, atum e sardinha –, podem contribuir muito para o aumento dos níveis de serotonina e, consequentemente, de melatonina no organismo, favorecendo o sono. Outros alimentos que podem ser aliados de quem busca noites mais tranquilas são nozes, banana, abacaxi, kiwi, ameixas, abacate e castanhas. Estudos recentes até quantificam os níveis de melatonina em uma lista com mais de 30 alimentos, e sugerem a formação de cardápio que inclua pimentões vermelhos, amarelos e verdes, por exemplo. Os pimentões têm um dos mais elevados índices deste hormônio. 
Também são aliados o suco da cereja e uma dose diária de vinho tinto, ingerida no fim da tarde ou no começo da noite. Além deles, vale ingerir doses adequadas de ácidos graxos e compostos bioativos, como a capsaicina, que pode ser encontrada na pimenta vermelha; o gingerol, presente no gengibre; e a curcumina, extraída da cúrcuma. Para quem enfrenta problemas de apneia do sono, um rigoroso controle do estresse oxidativo do organismo e o aumento de vitamina C na alimentação têm demonstrado ser de grande ajuda. Tudo, claro, com orientação de um profissional da área de nutrição.



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