Marselha, metrópole do mediterrâneo

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Eliane de Souza

Porto de Marselha Foto: Divulgação

Esqueça todos os estereótipos quando pensar em Marselha. A ideia de que os franceses não gostam de falar inglês ou são antipáticos não se aplica à capital do Mediterrâneo, que liga o país ao Oriente Médio e à África. A segunda maior cidade da França é também a mais antiga – fundada há 2.600 anos –, revelando inestimável conjunto de patrimônios históricos, vida cultural intensa e localização excepcional entre as colinas da Provença e o mar da Costa Azul.

A chegada pelo trem de alta velocidade que cumpre em três horas o trajeto entre Paris e Marselha, os inúmeros barcos de cruzeiros, o progresso do turismo e o desenvolvimento do porto fazem do lugar uma metrópole euromediterrânea. A vasta maioria dos marselheses é originária das levas de imigrantes que chegaram ao porto no início do século 19, como armênios, espanhóis, italianos, gregos, árabes, judeus e russos. Cerca de 25% da população é de origem norte-africana, a maior parte argelinos e marroquinos. E a comunidade judaica é a terceira maior da Europa. Impossível pensar em xenofobia neste cenário.
 
Com 23 praias e 14 portos, Marselha é também destino ideal para amadores ou profissionais de mergulho, vela e caiaque marítimo. As atividades de lazer são praticadas em plena natureza e durante todo o ano, sob as bênçãos do isolamento absoluto proporcionado pelo maciço de calanques (formação calcária típica do Mediterrâneo). Ao longo de 20 quilômetros, as impressionantes falésias brancas debruçam-se na água límpida, formando paisagens dignas de cartão-postal.
 
Mas Marselha não atrai só aventureiros ou ecoturistas em busca de isolamento. Os apaixonados por cultura também encontram refúgio em 22 museus, 17 teatros, uma ópera e no estádio da cidade, com capacidade para 60 mil pessoas. Não à toa, o município serve de palco para inúmeros festivais de música, dança, desafios esportivos e ainda foi escolhido para ser a Capital Europeia da Cultura em 2013. 
 
Explorar a cidade é simples. É possível descobrir as riquezas em visitas temáticas guiadas que focam mostras de arte sacra, quintas, monumentos da cidade antiga, estádio, indústria e artesanato, entre outras atividades. Quem prefere autonomia pode optar por descobrir Marselha através do Táxi-Turismo, que oferece visitas audioguiadas a bordo de veículos especiais, ou com o City Pass – passaporte com validade para um ou dois dias que garante descontos em diversos serviços e até gratuidade em visitas a museus, viagens em pequenos comboios, excursões e outras atrações. 
 
Comece a maratona de passeios pelo Castelo de If, localizado em uma pequena ilha a dois quilômetros do porto (sentido Sudoeste). O forte foi erguido em 1529 para guardar a artilharia, mas nunca foi usado militarmente, sendo transformado mais tarde na prisão que inspirou o famoso livro de Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo. Os turistas podem ver a cela especial, com o buraco de fuga narrado na história. Mas a maioria dos presos eram criminosos comuns ou exilados políticos. Várias construções imponentes ocupam a paisagem. A começar pela basílica neobizantina Notre-Dame-de-la-Guarde, construída entre 1853 e 1864. Seu campanário, com 46 metros de altura, tem no alto uma enorme estátua dourada da Virgem Maria. O interior é luxuosamente decorado com mármore e mosaicos coloridos. 
 
Outra bela igreja é a Abadia de St. Victor, que tem aparência semelhante à de um forte. Foi reconstruída no século 11, depois de ser destruída pelos sarracenos. Na Revolução Francesa, os rebeldes a utilizaram como quartel e prisão. Hoje, vale a visita para conferir a curiosa cripta na igreja da abadia, com capela original de catacumbas e diversos sarcófagos cristãos e pagãos. Todos os anos, em 2 de fevereiro, a igreja torna-se lugar de peregrinação. Bolos em forma de barco são vendidos para celebrar a chegada de Maria Madalena, São Lázaro e Santa Marta há dois milênios. Ao longo do ano, a Abadia de St. Victor acolhe concertos de música clássica.
 
Outro monumento que merece destaque é Vieille Charité. Em 1640, a construção de um abrigo para pobres e mendigos de Marselha começou por decreto real. Cem anos depois, o Hospital de Pierre Puget e a igreja abobadada foram abertos. Agora o prédio restaurado guarda os acervos dos museus de Arqueologia Egípcia e de Artes Africanas.
Marselha também é celebrada por sua saborosa gastronomia. Entre as receitas tradicionais estão a bouillabaisse (sopa de variadas espécies de peixe), os pieds et paquets (pequenos quadrados de lombo de carneiro embrulhados e acompanhados de patas de carneiro) e os navettes (biscoitos secos, em forma de barco). Além da culinária típica, a cidade celebra a chegada de chefs que surpreendem pela cozinha inventiva, que conferem novo paladar aos requintados sabores do Mediterrâneo.
 
Vista panorâmica da cidade Foto: Divulgação
 PROGRAMAÇÃO
Três características de Marselha contribuíram para que a cidade fosse eleita Capital Europeia da Cultura em 2013: a sociabilidade intercultural, a relação entre o município e a natureza e sua cultura urbana. Para servir de fio condutor à infinidade de eventos programados para este ano, a organização construiu narrativa composta por três episódios: o Mediterrâneo, o diálogo de ambos os lados e a celebração da natureza. São projetos de comandos artísticos, literários, musicais, cinematográficos, teatrais e ações que preveem a participação dos cidadãos. 
 
Até maio, o calendário de atrações destaca o cosmopolitismo, com festas, eventos de abertura e inauguração de novos territórios de arte. Durante o verão, especialmente entre junho e agosto, espetáculos e concertos a céu aberto serão promovidos em lugares i


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