Dr. Jessé Reis Alves
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| 'Medicina do Viajante ainda é pouco conhecida no Brasil, mas praticada há décadas nos Estados Unidos e na Europa.' |
Dizem que brasileiro é apaixonado por carros. Prova disso é o hábito já incorporado à nossa cultura de se levar o veículo para um ‘check-up de férias’, como medida preventiva e garantia de uma viagem sem surpresas desagradáveis. Pena que esse mesmo cuidado não seja adotado pela maioria das pessoas no que se refere à saúde. Digo isso porque, como profissional especializado em Medicina do Viajante, percebo que poucos são os que incluem no planejamento de férias um check-up, devido à ideia equivocada que se tem sobre esse tipo de avaliação médica.
Ainda pouco conhecida no Brasil, mas praticada há décadas na Europa e nos Estados Unidos, a Medicina do Viajante é, sobretudo, preventiva, visando identificar riscos e oferecer medidas de proteção para evitar doenças que possam surgir durante ou em decorrência de viagens. Isso porque cada região tem suas peculiaridades ambientais, climáticas, alimentares e até político-sociais que podem interferir no organismo de uma pessoa que não é natural daquela cidade ou país.
Você sabia, por exemplo, que a incidência de diarreia pode chegar a 70% em alguns tipos de viagem, nos quais a contaminação de água e alimentos é um dos problemas mais difíceis de serem evitados? A flora intestinal de uma pessoa que reside em São Paulo é diferente da que mora em Salvador. Portanto, duas pessoas com o mesmo roteiro de viagem podem necessitar de diferentes indicações de cuidados. Daí a importância de se conhecer o histórico de saúde da pessoa e saber se ela já tem alguma doença ou se tem alergia a certos medicamentos, por exemplo. Também é preciso analisar o destino, o roteiro, a época do ano e o motivo da viagem.
Assim como no automóvel são cuidados básicos checar os pneus e os faróis, existem algumas recomendações que se aplicam a qualquer pessoa que vai viajar, independentemente de sexo ou idade. São elas:
- Não comer na rua, procurar beber água mineral e observar o preparo dos pratos e as condições de higiene dos restaurantes;
- Verificar o calendário de vacinas e, dependendo da região, levar um bom repelente para evitar contaminação por picadas de insetos;
- Para quem vai passar mais de seis horas viajando em uma mesma posição, recomenda-se que a cada duas horas a pessoa faça movimentos com as pernas, caminhe no corredor do avião ou do ônibus, ou ainda estacione e saia do carro para esticar as pernas. Isso facilitará a circulação sanguínea;
- Mulheres grávidas, pessoas com problemas crônicos ou com histórico de tromboses devem obrigatoriamente procurar a orientação de um médico antes de viajar.
* Jessé Reis Alves é médico responsável pelo Check-Up do Viajante no Fleury Medicina e Saúde
