Cursos que fazem a diferença

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Raquel de Medeiros

Salário de quem possui pós chega ao dobro de quem não possui o curso Foto: Divulgação

 “Água parada apodrece, é preciso estar em constante movimento.” Com essa reflexão, o assessor de projetos de pesquisa da pró-reitoria de pós-graduação, pesquisa e extensão da Fundação Santo André, Rodrigo Cutri, explica a importância de se continuar estudando mesmo após a primeira formação profissional. E a máxima não serve apenas para evitar de ficar atrás daquele colega de trabalho que parece mais articulado e atualizado, mas principalmente por ser um dos grandes trampolins para melhores cargos e salários. Segundo pesquisa realizada em 2010 pelo economista e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcelo Neri, através da Fundação Getulio Vargas, a diferença entre a remuneração de quem possui pós-graduação e a daqueles que pararam na formação superior é estimada em cerca de 100%.

 
A explicação é simples: se antes ter um curso de graduação era algo diferenciado, hoje há excesso de profissionais no mercado. “Segundo o censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de cidadãos com graduação aumentou 109,83%. Assim, os primeiros motivos (para se fazer uma pós) são os de obter diferencial para crescimento na carreira, empregabilidade e competitividade”, diz o coordenador dos MBAs em recursos humanos, empresarial e gestão pública da Universidade Municipal de São Caetano, Álvaro Takei. E como a procura pelo profissional pós-graduado supera o número dos disponíveis no mercado, a consequência é a obtenção de salários maiores.    
 
O salto é maior para os ‘doutores ao quadrado’, ou seja, para os que têm pós-graduação em Medicina. “Porque é uma profissão escassa e socialmente relevante. O mercado dá retorno”, explica Neri. Com as necessidades sociais em constante mudança, as universidades procuram oferecer cursos novos que ajudem os profissionais a se adaptar e encontrar o tão desejado lugar ao sol. As apostas mais recentes são cursos focados em gestão e sustentabilidade, além de esportes – incentivados pela proximidade da Copa da Fifa e da Olimpíada de 2016 no Brasil. História africana e afro-brasileira também é tendência devido à necessidade do mercado de capacitar professores para a futura grade escolar dos ensinos Fundamental e Médio.

POR QUE FAZER?
De acordo com pesquisa do IBGE, o salário de profissionais com mestrado e doutorado no Brasil está, em média, 107% acima do recebido por quem parou no curso de graduação. A especialização ainda ajuda no networking e permite troca de experiências entre pessoas da mesma área. “O desenvolvimento de atividades e habilidades já pode ser aplicado no dia a dia, colaborando para o crescimento profissional do pós-graduando, que acaba por atingir a valorização profissional, pessoal e financeira”, complementa Cutri.
 
E não é só isso. Profissionais com pós-graduação no currículo são vistos como pessoas interessadas em se desenvolver, o que pode ser bastante positivo no momento de uma contratação, explica a gerente de operações da Thomas Case & Associados/Case Consultores, Rosemary Corretori. “Quando a gente pega um currículo e vê só formação superior, não tem o mesmo peso. A pós, assim como outro curso de especialização, mostra vontade de correr atrás, de crescer.”
Para o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo, Fábio Josgrilberg, a formação é importante para quem quer se destacar no competitivo ambiente de trabalho. “Quem quer permanecer no mercado tem de continuar se formando, ainda mais hoje, quando as relações de trabalho são mais fragilizadas e a figura do profissional que trabalha a vida toda em uma mesma empresa está sumindo”, opina.
 
O administrador de empresas Ricardo Nespoli de Castro, 43 anos, concorda. Por isso, tem no currículo mais de 20 cursos na área e já se prepara para mais uma pós-graduação, em Engenharia de Vendas, que inicia neste ano. “Quero ficar em sintonia com o mercado”, explica. Mais do que satisfação pessoal, ele espera agregar conhecimento ao portfólio. “Vai me ajudar a ter visão abrangente sobre gestão de pessoas e clientes, além do processo de venda como um todo.”
 
SUSTENTABILIDADE
Com a crescente demanda pelo tema sustentabilidade, as empresas buscam cada vez mais especialistas que tenham habilidade com o assunto, o que nem sempre é fácil de se encontrar. Pensando nisso, a Universidade Metodista criou curso de pós-graduação em Estratégias e Gestão de Sustentabilidade Empresarial, que tem como público-alvo justamente os gerentes e coordenadores de meio ambiente, saúde e segurança, de recursos humanos e de planejamento, além de donos de empresas e gestores públicos que tenham necessidade – ou curiosidade – de saber mais sobre o assunto.
 
No entanto, é importante que o aluno não faça o curso apenas porque o tema está em alta, mas porque tem um objetivo em mente. “Se o profissional tiver oportunidade de participar de algum projeto relacionado à sustentabilidade dentro da empresa, aí, sim, vai complementar. Mas não adianta fazer só porque se fala muito no assunto. Surgem temas no mercado que viram clichês, moda apenas. E a pós-graduação tem que ter uma função”, explica Rosemary.
 
CULTURA
Cultura e educação também têm seu espaço entre os novos cursos oferecidos em universidades da região. Gestão Cultural na Construção da Cidadania; Filosofia para Crianças; e Língua Espanhola e Literatura são as três novas opções da Universidade Metodista. 
Gestão Cultural na Construção da Cidadania tem como proposta a discussão sobre o papel que a cultura assumiu, nos últimos anos, no desenvolvimento social. Já os dois últimos visam o preparo e a atualização de professores para suprir as recentes exigências do


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