Na flor da terceira idade

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Raquel de Medeiros

Jane Fonda vive intensamente os 75 anos Foto: Divulgação

A primeira coisa que se pensa ao olhar para ela é: ‘não pode ser que tenha 75 anos!’ Dentro de um tailleur nude bem acinturado – que destacava a silhueta longilínea – e elegantemente equilibrada em um par de sandálias com saltos altíssimos, Jane Fonda caminhava durante evento sobre longevidade em São Paulo e atraía olhares. Não só por ser figura conhecida do grande público pelos inesquecíveis filmes Cat Ballou (1965), Barbarella (1968), Klute (1972) e Amargo Regresso (1978). Mesmo quem não acompanhou a fase de ouro da atriz norte-americana, ficou impressionado com seu sex appeal no auge dos 75 anos. 

O segredo? Sem hipocrisia, Jane revela que já se submeteu a inúmeras cirurgias plásticas, mas sempre fez questão de manter as linhas de expressão. “Disse ao meu cirurgião para tirar as bolsas debaixo dos meus olhos e do meu pescoço, sem mexer nas rugas. Também não aplico aquelas injeções que deixam a pessoa com boca de pato.” 
 
De bem com a vida, Lady Jane alega que não quer ser tachada de mulher “tola”. Mas parece que o motivo maior para as rugas permanecerem sem alterar a beleza reside no fato de a mítica atriz, ex-modelo e guru de exercícios físicos ver graça na passagem do tempo. Para ela, uma das vantagens de envelhecer é aprender a levar a vida com mais bom humor. E ela vive essa filosofia ao pé da letra. “Gente, eu tenho namorado! Não quero deitar na cama e ouvir meu namorado dizer que meu rosto não combina com o corpo”, diz às gargalhadas.
 
A atriz vai na contramão da maioria das mulheres, que temem a passagem das décadas e o fim da vida. “Nos Estados Unidos, temos uma cultura da juventude. Todo mundo tem medo de ficar velho. Minha experiência é de que a vida pode ficar melhor para quem tem mais de 50.” Afinal, segundo ela, pessoas maduras são mais sábias e capazes de viver com menos estresse. “Temos de comunicar isso aos jovens. Assim, não ficarão tão preocupados com o envelhecimento”, explica. 
 
E Jane – que também tece críticas às brasileiras por exagerarem nas cirurgias plásticas –  não fica só no blá-blá-blá. Começou a semear o conceito no livro O Melhor Momento: Aproveitando ao Máximo Toda a Sua Vida, que acaba de lançar. Também caminhou em sentido oposto ao da família, que sempre sofreu de depressão. De repente, viu-se na sétima década da vida e surpreendentemente feliz. “Foi um choque para mim quando completei 70 anos e percebi que eu estava mais feliz do que nunca. Todo mundo na minha família é depressivo, e eu estava tão bem... Por isso, escrevi o livro, porque jamais fiquei assustada por estar envelhecendo, mas sei que muita gente fica.”
Medo, de verdade, só o de não viver intensamente. “Tenho receio de chegar ao fim da vida me lamentando pelas coisas que eu deveria ter feito e não fiz. Por isso, procuro viver esta última parte da minha vida de forma que eu tenha o mínimo de arrependimentos no final. Por que não disse aquilo? Por que não fui àquele lugar? Faça o que precisa fazer antes que seja tarde demais. É nisso que devo pensar: se há alguma coisa que eu preciso fazer e que não fiz ainda.”
 
Entre os ‘desafios’ que almeja vencer está o de interpretar na televisão uma mulher mais velha, que seja vibrante, engraçada e sexy. “Quero dar esperança às pessoas, porque estou muito bem e saudável para a minha idade. Alguns jovens me dizem que se sentem otimistas; querem ser como eu.”
 
SEXO? SIM! 
A vida amorosa da eterna sex symbol norte-americana foi bastante intensa.  Jane se casou três vezes: com o cineasta francês Roger Vadim, com o ativista político e senador Tom Hayden – que a influenciou no forte posicionamento político, que culminou em duras críticas aos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, na década de 1970 – e com o milionário empresário das comunicações Ted Turner. Hoje, mora com o namorado, o produtor musical Richard Perry. 
O tempo e todas as experiências a ensinaram a ser mais flexível. A atriz garante que é feliz do jeito que pode e onde estiver. “Minha vida é totalmente diferente do que eu havia imaginado que seria com a minha idade. Vivo com meu namorado, em uma casa que compramos juntos no lugar que jurei que nunca viveria de novo”, admite.
E ser flexível significa também estar aberta a novas experiências. Jane não esconde os detalhes do relacionamento nem se intimida ao revelar que usa testosterona em gel para apimentar a vida sexual. “Sabe aquele hormônio masculino? Se uma mulher está em um relacionamento amoroso e quer se manter sexualmente ativa, tem de manter a libido. É preciso ter receita médica para comprar testosterona. Daí, você esfrega o gel nas coxas, na barriga e... Nossa, é o máximo! Faz imensa diferença em como você se sente, na energia e na libido.”
 
‘NINGUÉM É SEMPRE NÚMERO UM’
Antes de firmar-se na carreira de atriz, Jane foi modelo no início da década de 1950 e estampou capas de revistas renomadas, como Vogue. O interesse pelas artes cênicas surgiu quando atuou ao lado do pai em uma peça, sem grandes pretensões, no Teatro Comunitário de Omaha (Estados Unidos). A aposta, porém, deu tão certo que em pouco tempo ela se tornou uma das atrizes mais requisitadas de Hollywood, gravando cerca de dois filmes por ano até o fim da década de 1960. Por causa da prostituta que interpretou em A Walk On The Wild Side, ganhou o Globo de Ouro de atriz revelação.
 
Depois de 30 anos na TV e nas telonas, com uma invejável coleção de Oscars e Globos de Ouro de melhor atriz, no entanto, Jane sentiu vontade de parar. Em abril de 1991, após se casar com Ted Turner, anunciou que deixaria de atuar e que não tinha a mínima intenção de voltar atrás. 
A decisão perdurou longos 14 anos. Só em 2005, a musa decidiu retornar às telonas, no filme A Sogra, dividindo os holofotes com a cantora e atriz Jennifer Lopez. “Não me interessava mais atuar, mas agora voltei a ter esse desejo, embora não seja tão fácil quando se é uma mulher mais velha.”
Atualmente, Jane protagoniza o seriado de TV Newsroom, do autor Aaron Sorkin. “Sou um pouco Rupert Murdo


Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados